29/08/2015 às 09h00min - Atualizada em 29/08/2015 às 09h00min

Índios da aldeia Marangatu já ocupam oito fazendas na região sul, diz DOF

A disputa de terras entre índios e produtores rurais está ainda mais tensa desde que começaram as ocupações na zona rural de Antônio João, cidade à 301 quilômetros de Campo Grande. Famílias de não-índios tiveram que deixar a vila Campestre, distrito do município, na quarta-feira (26) depois que os indígenas decidiram ampliar a área de ocupação, segundo a Polícia Militar (PM).

 

O G1 entrou em contato com a Funai (Fundação Nacional do Índio) para comentar a situação, mas até a publicação desta reportagem não recebeu nenhum retorno.

 

A PM informou que as famílias que moravam no distrito, deixaram as casas após serem avisadas sobre a ocupação dos índios. Além disso, a corporação investiga se houve ameaças, já que não há denúncia contra indígenas. Segundo a Polícia Civil, cerca de 90% dos moradores da vila são índios.

 

De acordo com o DOF (Departamento de Operações da Fronteira), índios da aldeia Marangatu, da etnia guarani-kaiowá, já ocupam oito fazendas no município e não há informações de confronto. Após a primeira invasão no sábado (22), os indígenas invadiram três propriedades na quarta-feira (28) e outras quatro nessa quinta-feira (27). Insatisfeitos, fazendeiros já bloquearam duas vezes a rodovia MS-384, entre Antônio João e Bela Vista, nesta semana.

 

“Eles [índios] estão invadindo fazendas e dizem até que a cidade pertence a eles. Já fecharam ruas e estão vindo para cá também. Algumas pessoas estão até evitando ir para Ponta Porã porque estão havendo bloqueios nas rodovias. Eles são hostis, mas até o nosso conhecimento não estão agredindo ninguém", contou a moradora Monica Coutinho, de 31 anos, que trabalha como assistente administrativo na cidade.

 

Para impedir incêndios durante o conflito, líquidos inflamáveis, como álcool, gasolina e diesel, estão sendo vendidos apenas por abastecimento em veículo nos dois postos de combustíveis de Antônio João. "Depois que as invasões começaram no sábado, a gente recebeu a recomendação da PM e do DOF para não vender combustível em qualquer tipo de recipiente para ninguém. Nem garrafa pet ou galão, nem nada", disse Márcio Renato, de 23 anos, funcionário de um dos postos.

 

Ele completou que a recomendação é para ser seguida até que a situação se resolva e a tensão diminua. O DOF e a Polícia Militar negaram que tenham orientado os estabelecimentos a seguir qualquer tipo de conselho nesse sentido como medida de segurança.

 

Uma equipe do DOF está na região dos conflitos em Antônio João para evitar confrontos entre índios e fazendeiros.

 

Legislação

 

Segundo regras da ANP (Agência Nacional do Petróleo), a comercialização de combustíveis automotivos fora do tanque de consumo de veículos é permitida somente em recipientes específicos, conforme normas da ABNT.


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