26/11/2015 às 17h27min - Atualizada em 26/11/2015 às 17h27min

Ronaldo diz que crise afetou seu negócio: "Foi um ano bastante complicado"

- UOL

Crítico do governo Dilma, o ex-jogador Ronaldo Nazário afirmou que a crise econômica pela qual passa o país fez com que uma de suas empresas obtivesse lucro zero neste ano, apenas "empatando as contas" entre o que se faturou e o que foi gasto em 2015. 

Para ele, no entanto, mesmo este resultado já é "uma vitória", a julgar pela atual situação econômica do Brasil.

"Sem dúvida (fomos afetados). Sentimos (a crise) a cada dia. Sempre que você tem que investir no seu negócio, você percebe que o mercado não está tão animado quanto eu. Foi um ano bastante complicado para um dos meus negócios, a 9ine (gestão de imagem e marketing). Mas a gente vai terminar o ano tendo empatado as contas, o que já é uma grande vitória", avaliou o jogador;

Ronaldo deu essas declarações em entrevista exclusiva ao UOL Esporte concedida na última quarta-feira, em um hotel em São Paulo, na abertura do "BSOP Millions", torneio promovido pela Poker Stars, empresa da qual é um dos embaixadores. Na conversa, ele ainda fala da polêmica dos naming rights dos estádios e a política de distribuição de cota da TV e minimiza a suposta relação de proximidade com o ex-presidente Lula. Ele também admite que desenvolveu a faceta empresário para manter o padrão de vida após aposentadoria nos campos. 

Descoberta do pôquer

"Descobri o pôquer na época que eu jogava na Inter (de Milão). Concentração é aquela coisa chata. Não tem nada para fazer no hotel, você só se alimenta, descansa e espera para ir ao estádio. Aí a gente começou a praticar. Juntava até 10 pessoas em torneios assim, ganhei várias vezes. Quando vim jogar no Corinthians, a gente criou um costume de jogar semanalmente, sempre na casa de alguém. Fui evoluindo até começar a jogar nos torneios grandes. Em casa eu tenho um espaço para jogar. Infelizmente eu não estou com tempo de chamar o pessoal, tenho viajado muito. Lá é só pôquer, mas curto um cassino também."

Motivação pelo dinheiro

"Tenho jogado muito bem. Tenho consistência e fui elogiado por isso por profissionais. Normalmente o que mais jogo são os torneios, então tem sempre uma premiação. E é um estímulo a mais, sem dúvida. No torneio de Bahamas, eu entrei na zona de dinheiro, acabei ficando em 25º e ganhei 43 mil dólares.  O valor nem importa tanto, e sim a satisfação de competir na elite".

Ronaldo versão empresário

"Eu tive que abrir o leque de possibilidades para manter o nível de estilo de vida que eu e os meus familiares tínhamos. Não gosto de falar sobre os outros (jogadores aposentados), não tenho esse direito. Sinto que eu fui uma esponja de informações. Sempre quis evoluir. Quando eu parei de jogar futebol, fiquei um ano sem fazer praticamente nada. Não é a minha. Gosto de estar sempre produzindo. Agora estou investindo em coisas importantes, como a Ronaldo Academy, que é a nossa maior aposta no momento. Estamos tendo sucesso, apesar da crise. Voltei agora da China, inauguramos três escolas lá. Estamos finalizando muitos contratos. Temos projeto de abrir 100 nos próximos três anos".

Naming rights da Arena Corinthians

"Não estou envolvido nessa negociação. Eu acho que a discussão dos naming rights precisa ser feita de maneira clara, com todos os envolvidos no negócio, a TV, empresas e clubes. A negociação pode fortalecer (financeiramente) muito os clubes. Mas precisa discutir. Temos arenas com naming rights em vigor, mas que acabam sendo chamadas por outro nomes. As empresas precisam ter o retorno. Deveria haver uma conversa mais clara".

Distribuição de direitos de TV

"O que eu posso dizer é que no mundo inteiro os clubes recebem de acordo com a audiência que dão. Acho que a partir da fatia que recebem, os clubes têm que buscar melhorar esportivamente para conquistar mais torcedores e poder ter uma cota maior. Eu não sei exatamente como funciona no Brasil a questão da divisão. Sei que os clubes precisam de receitas novas, mas principalmente precisam de melhores gestores". 

Relação com Gabriel Jesus

"Não comprei direitos federativos, não quero me envolver nesse negócio. No caso do Gabriel Jesus (jogador revelação do Palmeiras), me seduz pela imagem que a gente pode construir com ele. O que eu demonstro é o interesse de trabalhar com ele na construção da imagem".

Relação com Lula

"Minha relação com o presidente Lula sempre foi respeito muito grande, mas ao mesmo tempo sempre muito superficial. Eu era o grande ídolo do time que ele torce. Não posso ser responsabilizado pelo que as pessoas fazem. Mas não me arrependo (de ter participado do comitê organizador da Copa)". 

Decepção com governo Dilma

"O povo brasileiro quer a verdade. A questão é que o brasileiro parece estar decepcionado com tanta coisa que está acontecendo no nosso país. Impeachment não é tão simples, tem muitos mecanismos técnicos, eu não sei dizer como funciona. O que a gente quer é ver o Brasil prosperando, crescendo economicamente, com menos violência. A pessoa que está no poder tinha que fazer o máximo para que a gente voltasse a ter um crescimento normal".


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