27/07/2016 às 16h40min - Atualizada em 27/07/2016 às 16h40min

Em bloqueio, trabalhadores sem terra querem desapropriação de fazenda de Bumlai em Dourados

Acampamento na fazenda São Marcos, em Dourados (Foto: Fabiane Dorta)

Os integrantes do MSTB (Movimento Sem Terra Brasileiro) que bloquearam a BR-463, em Dourados, querem a desapropriação da fazenda São Marcos, que pertence a José Carlos Bumlai, para a reforma agrária. Essa é uma das reivindicações locais que se enquadram na mobilização nacional realizada hoje por movimentos de trabalhadores sem terra.

Segundo um dos integrantes do MSTB, que preferiu se identificar apenas como Jair, uma portaria assinada pela ex-presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Maria Lúcia de Oliveira Falcón, estabelece que as terras de grandes devedores da União sejam destinadas à reforma agrária.

O movimento acredita que o caso da terra de Bumlai, se enquadra no que determina o documento.

"Ele [Bumlai] deve bilhões de reais à União e foi até preso pela Operação Lava Jato, então para nós isso já é suficiente para que a Fazenda São Marcos, que é a que a gente está reivindicando, seja desapropriada atendendo à portaria", afirma Jair.

Integrantes do MSTB estão acampados na fazenda que fica às margens da BR-463 em Dourados, nas imediações do trevo que dá acesso à Laguna Carapã. Conforme Jair, que falou como porta voz dos integrantes, são pelo menos 437 famílias ocupando a área atualmente para reivindica-la.

O Bloqueio

O MSTB é um dos movimentos que atua no bloqueio da BR-463, que ainda é apoiado pelo MST (Movimento Sem Terra) e Frente Popular Brasileira. Eles estão impedindo a passagem de veículos no km 7 da rodovia, no trevo de Laguna, desde as 5h desta quarta-feira (27).

 
Bloqueio provocou congestionamento na rodovia (Foto: Fabiane Dorta)

Bloqueio provocou congestionamento na rodovia (Foto: Fabiane Dorta)

Bloqueio provocou congestionamento na rodovia (Foto: Fabiane Dorta)

A interrupção no tráfego acontece por cerca de meia hora, período no qual é feita panfletagem. O material informativo distribuído aos que estão parados na estrada relata a reivindicação dos movimentos. Depois disso, o tráfego é liberado por em média meia hora novamente.

"Nossa ideia não é causar transtornos, por isso que de tempo em tempo, a gente libera. O que a gente quer é chamar a atenção pra as nossas reivindicações", pontua Jair.

A PRF (Polícia Rodoviária Federal) está com equipes no local para garantir a segurança. Quando o trevo é bloqueado, agentes ficam em outros pontos da rodovia desviando o tráfego e apontando novas rotas aos condutores.

O integrante do MSTB que falou como porta voz dos demais ao Dourados News, informou que como o movimento é nacional, o bloqueio da rodovia não tem data para terminar. Essa depende da negociação dos líderes de movimentos sem terra que ocorrem com o Governo Federal em Brasília (DF).

 
PRF atua no controle do tráfico para evitar transtornos com bloqueio (Foto: Fabiane Dorta)

PRF atua no controle do tráfico para evitar transtornos com bloqueio (Foto: Fabiane Dorta)

PRF atua no controle do tráfico para evitar transtornos com bloqueio (Foto: Fabiane Dorta)

Além do MSTB, MST e Frente Brasil Popular, ainda participam da mobilização em todo o país o Movimento Camponeses de Luta Pela Reforma Agraria, Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura), CUT (Central Única dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Ligas Camponeses, Lutas, entre outros.

Bloqueios

Em Mato Grosso do Sul, além da BR-463, a PRF atua também em mais quatro interdições. No km 371 da BR-262 em Terenos, há 60 manifestantes e fila de pelo menos oito quilômetros. Já no km 232 da BR-262, em Ribas do Rio Pardo, são 80 manifestantes, o bloqueio também chegou a oito quilômetros, mas houve liberação de pista por volta das 10h.

No km 136 da BR-267 em Nova Andradina, não há informações sobre quantidade de manifestantes ou congestionamento, porém a interdição total começou às 8h no local. No km 104 da BR-163 em Naviraí, há interdição total desde as 7h, pelo menos 100 manifestantes e congestionamento de pelo menos oito quilômetros.

Segundo os movimentos sociais, além destes pontos identificados pela PRF, ainda há bloqueios na BR-060 em Sidrolândia, na BR-267 em Casa Verde, na BR-262 em Três Lagoas e BR-163 em Rio Brilhante.

A principal reivindicação dos movimentos que fazem bloqueios nas rodovias é a retomada da reforma agrária no país. Mas, eles ainda incluem como reivindicação a reforma política, contra o fechamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário, contra a Reforma da Previdência e a defesa da Democracia.

 
Famílias sem terra reivindicam reforma agrária em Dourados (Foto: Fabiane Dorta)

Famílias sem terra reivindicam reforma agrária em Dourados (Foto: Fabiane Dorta)

Famílias sem terra reivindicam reforma agrária em Dourados (Foto: Fabiane Dorta)

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