17/04/2018 às 14h12min - Atualizada em 17/04/2018 às 14h12min

Promotor de Justiça pede 'dissolução' das empresas que negociam pirâmide de Bitcoin em MS

Além disso, investigadores querem que dinheiro aplicado no golpe seja devolvido

- TOP MÍDIA NEWS
Foto: Divulgação

Chefe da 43ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, o promotor Luiz Eduardo Lemos de Almeida, disse que o Ministério Público de Mato Grosso do Sul vai pedir a “dissolução” da Mineword, Bit Ofertas e Bitpago, empresas criadas para agirem como mineradoras de bitcoins, mas que, de fato, operavam como pirâmides financeiras.

O MPE, por meio do Gaeco (Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado) cumpriu na manhã desta terça-feira (17), mandados de buscas e apreensões nas sedes das empresas, que têm escritórios também em São Paulo, e na casa dos sócios dos empreendedores dela.

O promotor, que conduziu a operação “Lucro Fácil”,  afirmou que foram apreendidos documentos, agendas, cadernos e computadores, materiais que serão periciados agora pelos investigadores do MPE.

Ele disse ainda que aos investidores no negócio eram prometidos lucros de até 100%. “É algo novo, atrativo para o consumidor, um chamariz. Mas, a partir de novembro de 2017, a pirâmide passou a desmoronar”, afirmou o promotor Luiz Eduardo.

O MPE investiga a suposta trama desde novembro passado, período que alguns clientes das empresas começaram a se queixar pela falta do retorno do dinheiro investido. “Vários clientes não receberam”, revelou o promotor.

Agora, disse Luiz Eduardo, o MPE quer combater o negócio pedindo o fechamento das empresas e que os clientes recebam de volta o recurso aplicado.

O MPE não soube precisar a soma a ser ressarcida, contudo, estima-se que no país as empresas tenham atraído ao menos 50 mil investidores.

É possível imaginar que o rombo provocado por tais empreendimentos tenham atingidos prejuízos milionários. Em abril do ano passado, o advogado Cícero Saad, criador da Mineword, em entrevista ao TopMidiaNews, disse que o investimento mínimo no negócio era de US$ 155, ou, algo em torno de R$ 520. 

Um ano depois, o investidor receberia R$ 1.040, enquanto que se recorresse à poupança da Caixa Econômica, seu lucro seria de 6% anual, e o seu aplicado viraria R$ 551.

Ainda na entrevista, Saad afirmou que o cliente que indicasse outros clientes e que se eles interessassem no investimento, receberia uma espécie de comissão.

O advogado contou que havia em Campo Grande investidor que recebia em torno de R$ 20 mil por semana.

Até agora, somente Cícero Saad,  o fundador da Mineword, defendeu-se da operação. Ele emitiu um comunicado e a distribuiu à imprensa. Veja.

"Diante da operação deflagrada pelo Ministério Público Estadual na manhã desta terça-feira, em Campo Grande (MS), a Minerworld informa que não é, nem nunca foi, uma pirâmide financeira. A empresa foi, sim, vítima de uma fraude na exchange americana Poloniex, em outubro do ano passado, no valor total de 851 bitcoins - cerca de R$ 23, 8 milhões pelo câmbio de hoje, 17 de abril de 2018. Desde então, a Miner passou a ter dificuldades para realizar seus pagamentos em dia. Todos os demais esclarecimentos serão prestados em juízo".

O que é bitcoin? 

Bitcoin é uma moeda digital criada em 2008 e hoje tem ampla aceitação por diversas empresas e estabelecimentos no mundo inteiro, como a Subway, Microsoft e Amazon, podendo o cliente adquirir produtos e serviços livre da maioria dastarifações e burocracias inerentes aos sistemas financeiros e bancários tradicionais. Sua cotação tem valorização praticamente constante desde que foi criada e a tendência é continuar assim. 

Pirâmide financeira

Já a pirâmide financeira é um golpe que faz vítimas há décadas, em Campo Grande. Na esperança de receber dinheiro a mais do que o aplicado, o investidor entra, por exemplo, com R$ 1 mil. 

Daí, ele precisa indicar mais pessoas que ingressem no negócio com o mesmo valor. Ao atingir o top da relação das pessoas que quiseram arrecadar dinheiro fácil, o primeiro investidor cata o volume acumulado pelos parceiros que entraram no negócio depois. Os lucros são garantidos por um tempo, até que a pirâmide tomba por falta de investidores.


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