Todo jogo de futebol tem uma história, mas há jogos que vão além - mudam a história do próprio esporte. Barcelona 5 x 1 Sevilla, neste sábado, no Camp Nou, foi um desses jogos.
O sábado, 22 de novembro de 2014, ficará marcado como o dia em que Lionel Messi, um argentino nascido em Rosário há 27 anos, tornou-se o maior artilheiro da história da Liga da Espanha, o país em que foi viver, ainda adolescente, o sonho de ser jogador de futebol.
Os números merecem registro. Messi entrou em campo com 250 gols. Era preciso um para se igualar a Telmo Zarra, artilheiro do Athletic Bilbao nos anos 1950, uma lenda do esporte espanhol.
Messi fez um.
Era preciso marcar dois para isolar-se como o maior goleador da história da Liga, deixando a história escrita por Zarra em uma página à parte, escrevendo ele, Messi, uma nova página.
Messi fez dois.
Não era preciso mais nada.
Mas Messi fez três.
Neymar e Rakitic completaram a goleada. O Barcelona manteve-se em segundo lugar na Liga, com 28 pontos, dois a menos que o Real Madrid.
A semana foi complicada para camisa 10. Além dos quatro últimos jogos pelo clube, em que a possibilidade de alcançar recorde parecia ter-lhe colocado um peso nas costas, uma entrevista ao diário Olé deixou em dúvida o futuro do craque na equipe catalã.
Os rumores de uma possível saída deram início a uma campanha na imprensa e nas redes sociais. A hashtag #SiempreMessi era a mais popular no Twitter.
Em campo, ao lado de Neymar e Suárez no ataque, Messi mostrou-se participativo desde os primeiros minutos de jogo. Aos 6, recebeu no ataque e foi desarmado quando lançaria o uruguaio; logo depois arriscou seu primeiro chute a gol - o goleiro Beto defendeu.
O Barcelona tinha mais presença ofensiva, mas faltava uma oportunidade clara. Aos 20 minutos, Messi sofreu falta na entrada da área. Xavi pegou a bola e até se posicionou para a cobrança, mas foi o argentino quem bateu.
A bola fez uma curva perfeita, por cima da barreira, e entrou no ângulo do gol defendido por Beto.
Foi o gol de número 251 de Messi na Liga Espanhola. O gol do recorde, o gol que colocou o argentino ao lado do lendário Telmo Zarra como o maior goleador da história do Espanhol.
A história estava escrita no Camp Nou.
O gol 252 de Messi poderia ter saído ainda na etapa inicial. Aos 44 minutos, o argentino recebeu pela esquerda, avançou e , na entrada da pequena área, tocou na saída de Beto. A bola passou por entre as pernas do goleiro e tinha o caminho das redes, mas a defesa afastou.
Depois de terminar o primeiro tempo jogando um pouco melhor, o Barcelona entrou devagar na segunda etapa, e permitia mais ataques ao Sevilla. Em um deles, Vitolo avançou pela esquerda, ganhou de Piqué na corrida e cruzou para o meio da área. Jordi Alba, que vinha correndo para dar cobertura aos zagueiros, não pôde evitar o choque com a bola, que entrou mansamente. 1 a 1.
A resposta do Barcelona foi imediata. Dois minutos depois, Xavi cobrou falta na área e Neymar tocou de cabeça para marcar. Foi apenas o segundo gol em jogada de bola parada do clube em toda a temporada.
Embora estivesse à frente no placar, o Barcelona não conseguia fazer uma boa partida. Mas, com o tempo, o time foi se acertando, e a vitória que chegou a ficar em perigo transformou-se em goleada.
Primeiro, aos 20 minutos, quando Suárez recebeu de Piqué pela direita e fez um cruzamento perfeito para Ivan Rakitic completar, de cabeça. O croata, que jogava no Sevilla até a temporada passada, não comemorou o gol.
Mas, se o terceiro gol do Barcelona não teve festa, o quarto causou uma explosão de sentimentos nos jogadores e no Camp Nou. Aos 27 minutos, Messi puxou contra-ataque, tocou para Neymar, que devolveu o passe.
Foi de carrinho que Messi alcançou os 252 gols, tornando-se o maior da história da Liga.
Dois gols, recorde superado, e parecia que nada poderia melhorar na noite de Messi. Mas, aos 33 minutos, após outro passe de Neymar, o argentino chutou para fazer seu terceiro na noite.
Fazer três gols em um jogo é coisa para poucos. Fazer 253 gols na Liga é coisa para apenas um.