02/01/2015 às 14h50min - Atualizada em 22/05/2015 às 14h56min

Após fiasco com teste de Cung Le, UFC vai mudar política antidoping

Organização abandonará planos de desenvolver seu próprio programa de testes e passará a financiar exames de comissões atléticas estaduais

GloboEsporte.com

Os planos do UFC de desenvolver o seu próprio programa de testes antidoping fazem parte do passado. Em conversa com um grupo de jornalistas nesta quinta-feira, no hotel e cassino MGM Grand, em Las Vegas, o presidente da organização, Dana White, revelou que o episódio envolvendo o lutador Cung Le na China, em que a organização anunciou um exame positivo do vietnamita e mais tarde rescindiu a punição por "falta de evidência conclusiva", fez com que a companhia mudasse de ideia.

- A situação com o Cung Le abriu nossos olhos. Nós não temos que fazer testes antidoping. Nós estragamos tudo e vamos estragar tudo de novo. É para isso que existem as comissões. Então, nós vamos financiar os exames antidoping desenvolvidos pelas comissões atléticas, assim elas poderão melhorar os testes e cuidarão de tudo, já que são elas que regulam o esporte - declarou o presidente do Ultimate.

Dana White UFC (Foto: Evelyn Rodrigues)

Dana White UFC (Foto: Evelyn Rodrigues)

Dana White admitiu que o UFC lidou mal com o caso de doping de Cung Le em Macau (Foto: Evelyn Rodrigues)

Le havia sido suspenso inicialmente por nove meses e, mais tarde, por um ano, após ter apresentado elevados níveis de hormônio do crescimento (GH) em seu exame antidoping pós-luta, em agosto. O atleta, no entanto, contestou os resultados do teste realizado pelo UFC, que atuou como órgão regulatório no evento de Macau, onde não há comissão atlética. Em outubro, o Ultimate reconheceu que não teve “resultados conclusivos de laboratório” para determinar que o excesso de GH teria sido causado por uso de drogas de melhoria de rendimento e rescindiu a suspensão do atleta. Dana, no entanto, revelou que o episódio foi mal conduzido internamente pela própria organização.

- Nós estávamos na China! Tinha um só lugar para mandar as amostras. Não tinha nada errado com isso. Nós lidamos de forma errada com a situação internamente.  O nosso time legal ferrou tudo. O teste foi positivo e o Cung Le concordou com uma suspensão de nove meses. Aí o Lorenzo (Fertitta, sócio-proprietário do UFC) queria que ele fosse suspenso por mais três meses, então nós voltamos a olhar o caso para puni-lo com uma suspensão maior e eles não quiseram, então brigaram. Mas não importa para onde mandamos as amostras. Ele estava 18 vezes acima do limite. Quatro outros caras foram testados no mesmo card e os exames voltaram limpos. É um saco, mas o que acontece é que o nosso departamento legal estragou tudo e eu acho que nós não temos que ser responsáveis por esses testes antidoping. Por isso, nós vamos financiar os programas das comissões - explicou.

O atleta vietnamita, que ainda tem contrato com a organização, é um dos autores de uma ação milionária contra o UFC, que afirma que a empresa mantém ilegalmente o poder de monopólio do esporte. Dana, no entanto, acredita que a participação do lutador no processo se deve ao problema ocorrido na China.

O presidente do UFC conversou com a imprensa por pouco mais de 35 minutos e também falou sobre outros assuntos. Confira os principais destaques abaixo, divididos por tópicos:

UFC 182 ainda tem ingressos à venda:

"A primeira luta (entre Jon Jones e Daniel Cormier) estava esgotada, mas essa ainda tem ingressos à venda. Não sei se tem algo a ver com o fim de ano em Vegas… Ainda assim, vendemos bastante ingressos.”

Rivalidade entre Jon Jones e Daniel Cormier:

"Obviamente, aquele incidente (no lobby do MGM) explodiu essa animosidade, que continuou crescendo desde então. Nas lutas, especialmente no MMA, é divertido quando você tem isso e é algo muito raro. Geralmente os caras se respeitam, mesmo que eles não se gostem. Esses são os mais divertidos porque isso não acontece toda hora.”

Jon Jones vilão?

"É interessante. Jones definitivamente toca as pessoas de uma forma errada. Ali (no “Media Day") todo mundo estava gritando “DC”. Ele é o campeão, já limpou a divisão, mas as pessoas estão sempre torcendo para o seu desafiante."

Uso de imagens da briga no lobby do MGM no vídeo promocional do UFC 182

"É como o TUF, sabe? Quando você está rodeado de câmeras, as coisas acontecem e as pessoas não gostam de como elas aconteceram. É o que é. Eu não sei se nós conseguiríamos mostar o Jones apenas como o vilão. Foi assim que as coisas aconteceram. Eu não acho que o Jones parece um vilão, são dois caras que não se gostam. Como o Jones pode ser pior que o Cormier? Foi o Cormier que colocou as mãos em seu rosto e o empurrou. Ele colocou as mãos no Jones primeiro. Caras encostam as suas testas e empurram a cabeça um contra o outro toda hora. Eu não gosto disso, tento não deixar acontecer, mas acontece e muito.”

Jon Jones está perto de ser o melhor lutador de todos os tempos?

"Jones ainda é tão novo! Ele já limpou a divisão, que tradicionalmente é a mais dura desse esporte, mas ele ainda é muito jovem.”

UFC vai voltar para Montreal em 2015?

"Sim, nós estamos indo para Montreal (em abril).”

Se Jones perder, ele terá direito a uma revanche imediata?

"Sim. Se o Cormier vencer, Jones terá direito a uma revanche. Sei que o (Alexander) Gustafsson não vai ficar feliz com isso, o mesmo com o Rory MacDonald, mas quem sabe? Vamos ver como a luta vai ser. Geralmente é o que você faz antes de decidir.”

Futuro de Luke Rockhold

"Nós acabamos de fechar um novo acordo com o Rockhold. Vamos esperar até estar tudo acertado para pensar em sua próxima luta."

CM Punk

"Nós vamos passo a passo. Ele vai treinar primeiro, vai ver como vai se sentir, o camp vai ver onde ele está e, quando ele estiver pronto, nós veremos. Eu gosto (do fato de ele ter escolhido treinar na Roufusport). Anthony Pettis veio de lá e, assim como o Ben Askren, ele é conhecido por ser um bom wrestler. Há caras que nunca lutaram e que terão sua primeira luta, e é o caso de CM Punk. Ele não vai enfrentar o Anderson Silva ou alguém assim. Não estou preocupado (com a possibilidade de ele ter dificuldades para conseguir a licença para lutar)."


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