01/04/2015 às 16h46min - Atualizada em 22/05/2015 às 14h56min

Gols, paternidade e igreja: Max supera drama pessoal e comemora artilharia

Globo Esporte

Max é o artilheiro do ano no Brasil, mas nem por isso abre mão da cara fechada. As pancadas que sofreu na vida, principalmente em 2012, quando foi flagrado no exame antidoping pelo uso de cocaína, fizeram dele um jogador mais forte, que encara tudo com mais seriedade. Aos 31 anos, o atacante comemora o bom momento dentro e fora dos gramados, principalmente pela chegada do primeiro filho, prevista para maio. A pontaria em dia, a identificação com a torcida e o status de ídolo do América-RN dão ao "Homem de Pedra" o respeito dos amigos e a confiança do técnico Roberto Fernandes.

O início de temporada tem sido empolgante para o camisa 9 do Mecão. Já são 12 gols - seis pela Copa do Nordeste e seis pelo Campeonato Potiguar - e o título provisório de artilheiro isolado do Brasil (Prêmio Friedenreich), inédito na sua carreira. O atleta jamais conseguiu ser o goleador de uma competição. A fé também foi fundamental na recuperação da autoestima do jogador, que não tem mais vícios e é símbolo da raça para muitos torcedores. O estilo trombador, confessa, faz parte, e, como bom atacante, ele conta que o importante é botar a bola na rede.

Drogas e redenção

Em 2012, Max sofreu a pior queda na sua vida: o envolvimento com drogas. Flagrado por uso de cocaína em exame antidoping realizado após a vitória por 2 a 1 sobre o Ipatinga, no dia 20 de julho, foi suspenso por dois anos pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Essa condenação saiu em outubro, e logo surgiu a desconfiança se ele conseguiria retomar sua trajetória no futebol. De cara, o jogador ganhou apoio da diretoria do América-RN e pôde manter a forma física no CT do clube.

Max - atacante do América-RN (Foto: Wendell Jefferson)

Max - atacante do América-RN (Foto: Wendell Jefferson)

Após a suspensão por uso de cocaína, Max se converteu e hoje segue a doutrina evangélica (Foto: Wendell Jefferson)



À época, declarou que "Aquele Max morreu" e, para isso, contou com a ajuda da Igreja - o jogador se converteu ao protestantismo e, desde então, frequenta os cultos da Igreja Evangélica Projeto de Deus. As orações e as conversas com o pastor ajudaram a tranquilizar a cabeça do jogador, que superou as adversidades e voltou a jogar de forma limpa.

- Eu tenho recebido muita coisa. Amadureci, cresci muito, muito mesmo. Na igreja eu encontrei uma coisa boa, que me fortalece, me dá motivação. É muito bom porque você cresce no profissional e como pessoa. Foi por conta da igreja que tive mais luz na minha vida. Eu estou no melhor momento da vida - comemora Max, que evita frequentar ambientes noturnos, principalmente que envolvam bebidas alcoólicas.

A redenção do atacante ocorreu em julho de 2013. Após um pedido de revisão da suspensão por parte do América-RN, o STJD determinou o acompanhamento mensal do jogador a partir do mês de abril, com o envio dos resultados de exames de urina ao Tribunal para saber a não utilização da cocaína. Livre das drogas, Max teve a pena diminuída pela metade e assinou um novo contrato com o Mecão até o fim de 2014.

Max, futuro papai


Casado, Max e sua mulher esperam o primeiro filho, e o nascimento da criança é a inspiração para tantos gols do artilheiro. O casal já se organiza para o parto, marcado para o mês de maio. Apesar do semblante fechado, o futuro papai está radiante de alegria. O atacante afirma que o filho é seu maior presente e as mudanças que vêm acontecendo em sua vida se devem a ele.

Max, atacante do Améica-RN (Foto: Canindé Pereira/Divulgação)

Max, atacante do Améica-RN (Foto: Canindé Pereira/Divulgação)

Max tem cara de mau, mas nascimento do filho deixa jogador empolgado (Foto: Canindé Pereira/Divulgação)



Com inspiração na Bíblia, Max teve a certeza da presença de Deus em sua vida ao escolher o nome do seu filho de Pedro, em alusão ao primeiro discípulo de Jesus Cristo. O jogador acredita que a criança será a "rocha", conforme a passagem bíblica, e que trará muitas alegrias para toda a família.

- Eu tenho que procurar melhorar a cada dia, fazer o meu melhor para dar um futuro bom para o meu filho. Tudo que está acontecendo é graças às minhas escolhas, à minha família, à minha esposa. Eu só tenho que agradecer por tudo isso. Ele (filho) foi o maior presente da minha vida - conta.

Sonho com a Europa


Com maior parte da carreira construída no América-RN, mas passagens por Palmeiras, Náutico, Boavista e Caldense, Max sonha em mostrar sua força e seus gols pelo mundo afora, de preferência na Europa. Apesar da idade avançada, ele garante que ainda tem futebol para mostrar.

- Isso me mantém com a esperança de jogar futebol. Meu sonho é igual a todo jogador, que é jogar fora do país. Enquanto eu tiver forças e saúde para jogar, vou entrar em campo - conta o centroavante.

Max, atacante do América-RN (Foto: Edmo Nathan/Divulgação)

Max, atacante do América-RN (Foto: Edmo Nathan/Divulgação)

Em alta, Max sonha em mostrar seu potencial no futebol europeu (Foto: Edmo Nathan/Divulgação)



O Mecão foi eliminado pelo Vitória nas quartas de final da Copa do Nordeste, mas Max ainda permanece na briga do torneio. Com seis gols, ele pode perder a artilharia para Magno Alves, do Ceará, que tem cinco. Para o Homem de Pedra, esse título individual serviria como consolo.

- A eliminação é uma coisa que, infelizmente, acontece no futebol. Eles (Vitória) foram mais eficientes nos jogos e acabaram vencendo. Mas precisamos levantar a cabeça e seguir em frente. A única coisa boa para o nosso time é essa conquista pessoal. Quem sabe eu não consiga meu primeiro título de artilheiro? - planeja o atacante.

Nesta quarta-feira, Max entra em campo mais uma vez. O desafio será pela Copa do Brasil, contra um adversário que é velho conhecido do atacante: o Globo FC. O time da cidade de Ceará-Mirim disputou a final do Campeonato Potiguar no ano passado contra o Mecão, e o camisa 9 fez os dois gols do Alvirrubro na vitória por 2 a 1, no Estádio Barretão. Diante de mais um desafio, o atacante espera que o Mecão possa repetir o desempenho obtido em 2014, quando surpreendeu o Fluminense em pleno Maracanã - após derrota em Natal por 3 a 0, a equipe goleou o Tricolor por 5 a 2 no Rio de Janeiro - e chegou às quartas de final, sendo eliminado pelo Flamengo.

- Espero que a gente possa começar com o pé direito. Temos um confronto direto contra um adversário daqui da terra e já sabemos o seu estilo de jogo. Espero que o nosso time possa repetir a boa campanha do ano passado.


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