Em 2013, quando tinha 36 anos, Marcos Scaldelai assumiu a presidência da Bombril, uma das empresas mais tradicionais do país, dona do produto que é sinônimo de palha de aço. O executivo teve uma trajetória que pode ser vista como meteórica, mas ele afirma que nunca mirou chegar ao cargo mais alto de uma companhia.
"Nunca quis ser presidente. O que eu queria era fazer diferente. Não queria ser mais um", conta Scaldelai. "Nunca pedi aumento de salário ou um cargo. As coisas acontecem naturalmente quando o trabalho é focado em resultados. Saio de casa pensando em entregar 200%", afirma.
O executivo lançou o livro "99,9% não é 100%" (Editora Gente), onde conta o que considera ser o segredo para o sucesso rápido.
Nascido em Catanduva, a 385 km de São Paulo, Marcos Scaldelai é filho de professores. "Nunca passei fome, mas vivi dentro dos limites normais da classe média brasileira". Ele frequentou escola estadual até a 8ª série, quando foi para uma particular. Depois, estudou propaganda e marketing em uma faculdade paga de São Paulo.
Ainda na faculdade, começou como estagiário na Nielsen, empresa de pesquisa de mercado. Depois ficou quase dez anos na alimentícia General Mills, dona da marca de sorvetes Häagen-Dazs, onde chegou à gerência de Marketing, e foi convidado para ser diretor de Marketing da Bertin, dona das marcas Vigor, Danúbio e Leco.
Em 2010, um acionista da Bombril viu uma reportagem a seu respeito em uma revista. A empresa precisava de um diretor de Marketing e Scaldelai foi o escolhido.
"Quando entrei, fui conversar com consumidores, em grupos de pesquisa. A Bombril estava distante da mulher jovem. Percebi que a empresa precisava de um grande rejuvenescimento", afirma.
Ele foi responsável por uma mudança radical: o afastamento do garoto-propaganda, interpretado pelo ator Carlos Moreno por mais de 30 anos. No lugar, colocou as humoristas Marisa Orth, Dani Calabresa e Mônica Iozzi no lugar. Mais tarde, a marca ainda fecharia um acordo milionário com a cantora Ivete Sangalo.
Depois de passar pela área de vendas da Bombril, recebeu o convite para assumir a presidência, em setembro de 2013, aos 36 anos, cargo que ocupa até hoje.
Em uma trajetória meteórica, a sorte conta? "Estou na Bombril porque uma pessoa me viu em uma reportagem na revista. Isso é sorte? Pode ser. Mas acho que sorte é um primeiro passo".
O executivo diz que não pulou etapas para chegar tão longe, tão rápido. Começou como estagiário e chegou à presidência, subindo cada degrau da hierarquia corporativa.
Para o sucesso rápido, ele diz, acelerou essas etapas. "O que aconteceu é que o espaço encurtou. O que me ajudou a acelerar foi sempre buscar mais, arriscar mais, e sempre trabalhar quatro competências".
Não importa o nível hierárquico, o funcionário deve se sentir e agir como se fosse o dono da empresa em que trabalha. "Muitos profissionais dizem que vestem a camisa da empresa. Vestem hoje, mas amanhã tiram".
Se há algo a ser resolvido, tem de ser o mais rápido possível. "Tudo o que faço é para ontem. Não posso deixar para amanhã. É preciso acelerar resultados, dar agilidade para a companhia, sem perder tempo".
O profissional deve ter o foco no resultado. "Missão dada é missão cumprida. Devo estar sempre orientado para resultados".
Brilho nos olhos, para Scaldelai, é o carisma que um líder emana. "É preciso conseguir que as pessoas o vejam como um líder, um exemplo, e gerar empatia. Fazer com que se sintam motivadas e tenham vontade de ajudá-lo e fazê-lo crescer".