O Inter, definitivamente, está obcecado pelo tri da Libertadores. Para chegar lá, seria preciso jogar como se não houvesse amanhã e marcar dois gols em nove minutos? Seria preciso contar com um goleiro milagreiro? Seria, ainda, necessário vaiar um dos maiores ídolos recentes da história do clube? Não há problema. O time de Diego Aguirre, que assistiu ao duelo contra a equipe de Rafael Sobis de camarote por suspensão, tem tudo isso. E agora tem a vantagem para o jogo da volta. Na noite desta quarta-feira, o Beira-Rio rugiu mais do que o Tigres para a vitória de 2 a 1, que permite o empate na próxima semana em Monterrey. D'Ale e Valdívia anotaram no início da partida e Ayala, depois expulso, diminuiu.
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Mesmo diante do frio e da chuva, os torcedores voltaram a quebrar o recorde de público do estádio remodelado. Foram ao todo 44.884 presentes. A marca anterior havia sido registrada na vitória por 2 a 0 sobre o Santa Fé, nas quartas de final, quando 44.665 torcedores assistiram ao triunfo emocionante. Ambos os públicos são superiores aos números registrados na Copa do Mundo de 2014.
Para se classificar à final, portanto, o Inter precisa de qualquer empate na quarta-feira, em solo mexicano. Também avança com vitória por um gol de diferença a partir de 3 a 2. Se o Tigres vencer por 1 a 0, se classifica. Caso devolva o 2 a 1, vai a pênalti. Na terça, o River Plate largou em vantagem na outra semifinal, ao bater o Guaraní, do Paraguai, por 2 a 0, em Buenos Aires.
Como se tornou hábito em decisões neste ano, o Inter começou o jogo a todo o vapor. Pior para o Tigres. Acuado em seu campo de defesa, foi levado a errar. E errou. Aos quatro minutos, Nilmar interceptou passe de Arévalo Rios, D'Ale pegou a sobra e abriu o placar. Cinco minutos depois, Valdívia ampliou, após seu chute desviar e encobrir o goleiro. Um início avassalador, que transformou o Beira-Rio em caldeirão.
O Tigres, no entanto, pareceu não se assustar. Aos poucos, começou a se encontrar em campo. O lateral Torres era o único que seguia falhando. De resto, os mexicanos melhoraram, a ponto de, aos 24 minutos, descontarem. Rafael Sobis cruzou na cabeça de Ayala. A partir daí, começou um novo jogo. O Tigres passou a colecionar chances de gol. As mais claras foram com Sobis e o famoso francês Gignac. Alisson salvou com defesas fantásticas. No final da primeira etapa, os visitantes saíram reclamando de pênalti, alegando pancada de Alan Costa sobre Aquino na área.
No segundo tempo, o ritmo diminui bastante. Se o Tigres sonhava em empatar, tudo ruiu aos 12 minutos, com justa expulsão de Ayala. A partir daí, o jogo voltou a ficar à feição do Inter. Lisandro López perdeu duas ótimas chances aos 28 minutos. Poderia ter ampliado a vantagem. No final, todavia, o Beira-Rio apagou suas luzes com a sensação de que qualquer vantagem é vantagem em se tratando de Libertadores.
A torcida do Inter deu um tempo na idolatria em nome do tricampeonato. Protagonista dos dois títulos da Libertadores em 2006 e 2010, Rafael Sobis foi vaiado no aquecimento e ainda mais durante a bola rolando, até ser sacado no fim. Diante do início trepidante do Colorado, o atacante se irritou e chegou a discutir com D'Ale e Geferson. Depois, resolveu fazer o que melhor sabe, jogar futebol. E devolveu as vaias com assistência para o único gol mexicano.
A vitória do Inter sobre o Tigres não serviu para alegrar todos os colorados na noite desta quarta-feira. Alguns torcedores mais nervosos se desentenderam e causaram uma briga no anel superior à esquerda das cabines de imprensa do Beira-Rio. O tumulto ocorreu no intervalo. Enquanto os aficionados descansavam para voltar a empurrar o Colorado para aumentar o placar, dois mostraram que não estavam dispostos apenas a apoiar o time do coração. Socos e chutes foram desferidos, com direito à queda entre as cadeiras.