23/07/2015 às 14h12min - Atualizada em 23/07/2015 às 14h12min

Dólar sobe e se aproxima de R$ 3,30, de olho em ajuste fiscal

Na véspera, moeda teve a maior alta em quase dois meses.

- G1

O dólar avança cerca de 2% e encosta em R$ 3,30 nesta quinta-feira (23), maior patamar em quatro meses na variação do dia, após o corte nas metas fiscais do governo alimentar temores de que o Brasil pode vir a perder seu valioso grau de investimento.

Por volta das 13h25, a moeda norte-americana avançava 1,98%, a R$ 3,2897 na venda, após marcar na véspera a maior alta em quase dois meses. Veja cotação.

Na máxima da sessão, a divisa subiu quase 2,30% e atingiu R$ 3,2992. É a maior cotação desde 19 de março, quando o dólar fechou em R$ 3,2965. Antes disso, a maior cotação do dólar foi registrada em abril de 2003. E também foi o maior valor intradia desde 20 de março, quando foi a R$ 3,3162.

Medo do rebaixamento
O mercado teme que o país, depois do esperado rebaixamento pela Moody's e pela Fitch, receba perspectiva negativa de alguma das agências. Com isso, ficaria na iminência de perder seu cobiçado grau de investimento.

"O que deve acontecer já no curto prazo é um rebaixamento pela Moody's, com perspectiva negativa, mas sem a perda do grau de investimento", escreveu o operador da corretora Correparti Jefferson Luiz Rugik, em nota a clientes. A Moody's deve manifestar-se sobre a nota brasileira em breve após visita ao país na semana passada.

A agência de classificação de risco Austin Rating anunciou nesta quinta-feira (23) que rebaixou a nota de crédito de longo prazo do Brasil em moeda estrangeira de 'BBB-' para 'BB+'. Com isso, o país perdeu o grau de investimento - espécie de selo de bom pagador e 'porto seguro' para investidores - pelos parâmetros desta escala.

A Fitch Ratings informou nesta quinta que irá reavaliar as tendências fiscais do Brasil, ponto importante para sua decisão sobre se rebaixará o rating de crédito do país, após o governo cortar a meta se superávit primário.

Novas metas
Na véspera, o governo reduziu a meta de superávit primário deste ano para R$ 8,747 bilhões, ou 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB), contra R$ 66,3 bilhões, ou 1,19% do PIB, previstos até então.

Além disso, foi incluída uma cláusula de abatimento da meta fiscal em até R$ 26,4 bilhões na nova meta fiscal, caso ocorra frustração em três medidas lançadas pelo governo para aumentar a arrecadação. Ou seja, há o risco de o governo não conseguir o superávit em 2015, e sim déficit primário, embora o governo avalie como "pouco provável".

As metas para 2016 e 2017, por sua vez, caíram para o equivalente a 0,7% e 1,3% do PIB, respectivamente. O objetivo anterior para cada um desses anos era de 2% do PIB, percentual que agora só deverá ser alcançado em 2018.

Operadores entenderam que a decisão representou uma derrota para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em seus esforços para reequilibrar as contas públicas brasileiras.

"Se parecer que o Levy vai continuar perdendo as batalhas, o mercado vai começar a colocar no preço a possibilidade de ele sair do governo, e aí sim o dólar explode", disse o operador de um importante banco internacional.

Mais cedo, o Banco Central deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em agosto, com oferta de até 6 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares.

Na véspera, o dólar avançou 1,65% frente ao real, a R$ 3,2257 na venda. Na semana e no mês, a moeda acumula alta de 1% e 3,76%, respectivamente. No ano, a valorização é de 21,33%.


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