08/08/2015 às 07h29min - Atualizada em 08/08/2015 às 07h29min

Agressão psicológica lidera violência contra a mulher em Dourados

- DOURADOS AGORA

Delegada Roseli Galego, titular da Delegacia da Mulher em Dourados
Foto: Hedio Fazan

Diferentemente do que se imagina, a mulher não precisa ser agredida fisicamente para estar em uma relação violenta. Palavras e atitudes podem ferir a autoestima, tanto quanto a agressão física. Embora não seja levada a sério pela população, a violência psicológica não tem sido passada em branco, pelo menos em Dourados.

De acordo com a delegada Roseli Dolor Galego, da Delegacia da Mulher, o percentual de queixas sobre violência psicológica como ameaça e injúria (xingamento) lideram os casos, seguido de agressão física. Ainda é comum mulheres prestarem Boletim de Ocorrência contra os companheiros e, em seguida, retirarem a queixa. “Muitas dessas mulheres chegam à delegacia desesperadas porque o companheiro ameaça tomar as crianças ou partir para agressão física”, diz a delegada. Há muitos casos, segundo ela, em que o marido faz ameaça de morte caso a mulher tome qualquer tipo de atitude que contrarie a decisão dele.

A maioria das que procuram a delegacia são aquelas que trabalham e cuidam da casa, dos filhos. “Essas mulheres não se sentem intimidadas, possuem um certo conhecimento de seus direitos e procuram a delegacia para um melhor amparo”, explica a titular da Delegacia da Mulher. Ainda pelo perfil, a maioria é de baixa e média renda. As mulheres de classe social mais elevada também procuram a delegacia, porém, na maioria das vezes, buscam apenas informação. “Elas pedem informação para determinados problemas e solicitam orientação, mas sempre dizem que é para uma amiga”, relata a delegada.

De janeiro até ontem, a Delegacia da Mulher em Dourados registrou 920 casos de violência contra mulher, número próximo se comparado ao ano passado, com cerca de 50 casos a menos. Problemas relacionados ao uso de álcool seguido de drogas são os que levam a agressão contra a mulher. Muitas vezes o casal acaba reatando a relação, porém sempre aparecem casos reincidentes.

Enfrentamento

Dourados possui uma rede forte de combate à violência contra a mulher. Ontem, na praça Antônio João, foi realizada uma ação em alusão aos nove anos de sanção da Lei Maria da Penha. Promovido pela Coordenadoria de Políticas Públicas para Mulheres, órgão vinculado à prefeitura, em parceria com parceiros, o evento levou informação para a população sobre quais atitudes a tomar diante da violência contra a mulher.

Além de entregar materiais informativos sobre os serviços existentes em Dourados e os tipos de violência, a ação serviu para alertar às mulheres a denunciar as agressões. “O silêncio deve ser quebrado porque a mulher não está sozinha, temos todo um trabalho de proteção e de assistência social, psicológico e jurídico à disposição das mulheres”, explica Danielle Viebrantz Silveira, coordenadora da Coordenadoria de Políticas Públicas para Mulheres.

Os Cras (Centros de Referência da Assistência Social), espalhados pela cidade, possuem profissionais preparados para auxiliar as mulheres vítimas de violência a procurar seus direitos. Há também em Dourados o Viva Mulher, destinado exclusivamente à mulher em situação de Violência.

A mulher que precisar de auxílio pode procurar em Dourados a Delegacia da Mulher, localizada na Rua Issat Bussuan, 2.555, Vila Planalto, ou pelo telefone 3421-1177. O Viva Mulher fica na Rua Hiran Pereira de Matos, 1.520, Vila Mary, e o telefone é o 3424-5268. Denúncias também podem ser feitas à Polícia Militar, no 190, ou na Guarda Municipal, 199.


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