Você concorda que o alcoolismo é uma doença?
Sim, praticamente todos nós sabemos que o alcoolismo é uma doença. Ninguém acorda alcoolata de um dia para o outro, o efeito do alcoolismo aparece com o tempo, não é uma escolha, é uma doença, possivelmente a escolha foi beber, mas ninguém toma uma cerveja para tornar-se alcoólatra.
O suicídio também não é uma escolha, não é uma livre escolha. Suicídio também é doença, resultado de um acúmulo de depressões. Ninguém simplesmente acorda suicida, ou resolve se suicidar porque o vizinho se suicidou ou porque leu em um news da cidade que alguém o fez. Não. Suicídio é conseqüência de depressão, e as causas os motivos são infinitos, são pessoais e se diferem de um para outro.
É chocante imaginar que uma jovem de 16 anos ou um pai de família de 40 resolve tirar a própria vida, aparentemente parece uma escolha, mas não é, pode até ser consequência de uma série de escolhas, mas é resultado de uma mente machucada, de uma alma aterrorizada. Em um mundo cada vez mais egoísta temos dificuldades de notar, de perceber e até de deixar que os outros percebam o estado emocional que vivemos.
Não divulgar notícias sobre suicídio não irá salvar ninguém, assim como divulgar não matará ninguém e simplesmente divulgar também não ajudará ninguém. Precisamos notar o outro e deixar que o outro nos note. Uma sociedade que supervaloriza a aparência de bem estar, de moral, de beleza é uma máquina de produzir deprimidos. Nas redes sociais, nos restaurantes da cidade todo mundo parece perfeito, mas na vida real temos crises, conflitos, humanidades que se revelam dentro de nós.
Provavelmente o medo de se admitir fraco, errante em um mundo de gente "perfeita" potencializa a depressão. Detectar os sintomas da crise da alma de uma pessoa não é fácil, mas escutar em vez de julgar, refletir em vez de sentenciar, abraçar em vez de criticar, amar em vez de odiar são remédios que sempre curam. Refletir e relatar a verdade é função ética da sociedade, fazer de conta que tudo vai bem, fingir ser o que não é, isso sim é faltar com a ética.
Deus nos ajude a discernir e não julgar.
Luciano, teólogo e comerciante em Fátima do Sul.
