15/09/2015 às 17h21min - Atualizada em 15/09/2015 às 17h21min

A cada 51 minutos, 1 pessoa fica sob a mira de arma durante assalto em MS

Na memória, a arma que falhou. A visão da rua escura, acaba de ser iluminada pela lembrança da luz forte da moto que se aproximou muito rápido. Os gritos, os socos, as coronhadas, o susto. Passar pela experiência de um assalto ou um sequestro deixa marcas. Por um lado, a felicidade de ter sobrevivido. Por outro, o medo da própria sombra. Nos últimos meses, muitos sul-mato-grossenses têm sentido esse gosto amargo da vulnerabilidade, que tomou conta do Estado.

Uma conta básica mostra que em Campo Grande, a cada 1 hora e 20 minutos, uma pessoa seja vítima de um bandido armado com um revólver, uma faca ou pedaço de pau, que seja. Pelo nome "científico", é o roubo majorado pelo emprego de arma. Considerando que de 1º de janeiro ao dia 8 de setembro foram registrados 4.437 casos.

Se levarmos em conta os registros desse crime no Estado todo, a situação é ainda pior. Foram 6.921 roubos, o que leva a conclusão de que a cada 51 minutos - menos de uma hora - pelo menos um morador de Mato Grosso do Sul é roubado, exatamente conforme manda a regra violenta dos criminosos. Tudo isso, claro, sem falar nos que não foram registrados.

Não importa se é saindo ou dentro da própria casa, ou na garagem, na parada de ônibus, ou num restaurante, os criminosos não escolhem mais, sempre encontram um alvo. Os casos, que antes pareciam tão distantes, estão cada vez mais próximos, e aumentaram.

Em 2014, no mesmo período de pouco mais de sete meses, foram 3.274 registros de roubos, 1.163 a menos que neste ano. O que representa um aumento de 35,5% nos casos registrados. No estado, a mesma coisa. Enquanto no ano passado foram 6.112 roubos, este ano foram 809 registros a mais (13,2%).

"Puxaram meu cabelo, me chamaram de vagabunda e levaram meus pertences, nesse dia até meu almoço eles levaram, já que eu estava indo do trabalho para casa no horário de almoço. Não fui assaltada apenas uma vez. Estamos tão inseguros com tudo isso, eu mesma tenho pavor de motoqueiro, a gente acaba generalizando porque enfim, não sabemos mais quem presta e quem não presta. Fico receosa de sair de casa, seja lá o horário que for", conta uma estudante de 22 anos, vítima que não registrou boletim de ocorrência e prefere não se identificar.

Crimes, traumas e números - A segurança é a segunda maior preocupação dos brasileiros. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha no ano passado, é o que mais aflige a população. No Norte e no Centro-Oeste atinge 28% das pessoas. No Sul e no Sudeste, 25% se dizem preocupadas com a segurança. E no Nordeste, 23%. Os brasileiros mais ricos, das classes A e B, são os que se sentem mais ameaçados.

Quem já esteve sob a mira de um assaltante, hoje está um pouco mais atento, dá dicas de comportamento, de superação de trauma e se registrou BO(Boletim de Ocorrência), sabe "por alto" como funcionam as investigações desse crime. Mas nem todo mundo quer comer jiló para saber se é amargo.


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