Carlos Miguel Aidar decidiu renunciar à presidência do São Paulo. Pressionado pela ameaça de um impeachment e pela perda da base aliada, Aidar definiu que irá abandonar a presidência do clube na próxima terça-feira (13). Antes disso, ele fará uma reunião com membros da diretoria que existia até a última terça-feira (6), além de líderes políticos do conselho, e dará sua versão sobre os fatos citados em um e-mail do ex-vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro, revelado pelo UOL Esporte.
"Já convoquei. Tanto os diretores renunciantes como os líderes de partidos. Se o conselho ainda estiver aberto, protocolo a renúncia na terça à noite", falou Aidar, ao UOL Esporte, na manhã deste domingo. Antes de entregar a carta de renúncia a Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, presidente do conselho deliberativo, Aidar vai reunir dirigentes em encontro no qual dirá que a tentativa de desviar dinheiro do clube na comissão da contratação do jogador Gustavo, da Portuguesa, era na verdade uma mentira inventada por ele. Segundo aliados de Aidar, a ideia era dar dinheiro do próprio bolso ao então amigo Ataíde Gil Guerreiro, que estaria passando por problemas financeiros. A reportagem não conseguiu contatar Gil Guerreiro.
Com a renúncia de Aidar, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, que é presidente do conselho deliberativo, assumirá temporariamente a presidência do São Paulo. O dirigente terá 30 dias para convocar uma nova eleição, e ele próprio será candidato. Leco é o favorito a assumir a presidência do São Paulo e governar até abril de 2017, quando terminaria o mandato de Carlos Miguel Aidar. Leco já tem o apoio de figuras importantes como Ataíde Gil Guerreiro e seu grupo, a Legião, de Marco Aurélio Cunha e seu grupo, o Clube da Fé, e de aliados mais próximos do ex-presidente Juvenal Juvêncio.
Na última segunda-feira, Ataíde Gil Guerreiro tentou agredir Carlos Miguel Aidar em uma reunião da diretoria no Hotel Radisson, no Itaim, na zona oeste de São Paulo. Na quarta-feira, Gil Guerreiro enviou e-mail a Aidar no qual indica saber de desvio de dinheiro e lesão aos cofres do clube, e também cita ter uma gravação em que Aidar fala sobre como desviaria comissão na contratação de Gustavo Cascardo, da Portuguesa, e ainda diz que tentou comissionar a TML, empresa de Cinira Maturana da Silva, sua namorada, no contrato com a Under Armour.
Leco iria convocar na terça-feira uma reunião extraordinária do conselho deliberativo para o próximo dia 22, na qual Ataíde Gil Guerreiro teria palavra preferencial e mostraria a gravação que diz ter além de documentos, que apontariam o mau uso de dinheiro do clube na gestão de Carlos Miguel Aidar. Com a renúncia a ser protocolada na noite de terça-feira, a reunião deverá ser desmarcada para dar início ao processo eleitoral.
Na noite de sábado, Aidar recebeu comunicado de ruptura do grupo Participação, principal partido da base aliada, do qual fazem parte 22 conselheiros, entre o vice-presidente Julio Casares, o vice financeiro Osvaldo Vieira de Abreu e outros seis diretores da antiga diretoria. O racha do Participação foi decisivo, uma vez que deixou Aidar isolado e sem sustentação política.
Aidar vinha discutindo a possibilidade de renunciar nos últimos dias. Ele foi aconselhado pela família a abandonar o cargo para evitar um processo de impeachment, que poderia ser mais desgastante, e ouviu pedido de sócios de seu escritório de advocacia para renunciar.