23/11/2015 às 15h26min - Atualizada em 23/11/2015 às 15h26min

MS não está livre de tragédia como a que aconteceu em Minas Gerais

São mais de 17 barragens no Pantanal

- Mídia Max

O rompimento de duas barragens de uma mineradora em Minas Gerais levantou a dúvida em moradores de muitos estados: será que estamos protegidos de uma tragédia como a que aconteceu em Mariana? Em Mato Grosso do Sul existem 17 barragens de mineração, todas localizadas no Pantanal, em Corumbá. Destas, duas têm classificação de alto risco, com alto dano potencial associado.

Um dos maiores desastres ambientais da história do Brasil, a tragédia de Mariana, aconteceu no dia 5 deste mês, matou 11 pessoas e deixou muitas desaparecidas. O mar de lama causou estragos não apenas aos moradores, mas ao bioma da região. A enxurrada de lama que tomou o Rio Doce, levou a extinção animais e plantas da natureza que ali estava.

Segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), estima-se que foram lançados 50 milhões de m³ de rejeito de minérios de ferro e manganês da mineradora Samarco, da Vale e da BHP Billiton, a maior empresa de mineração do mundo.

Mas, será que Mato Grosso do Sul está livre do que aconteceu em Mariana? A resposta é NÃO! O Pantanal sul-mato-grossense tem dezenas de barragens e diques, instalados, principalmente, no Maçiço do Urucum, a maior formação rochosa do país, que tem grandes reservas minerais de manganês e ferro. Uma tragédia, como a de Mariana, não é descartada em Corumbá.

No local estão instaladas três empresas de mineração, a Urucum Mineração SA, Mmx Corumbá Mineração SA. e a Mineração Corumbaense Reunida.

A empresa Urucum Mineração S.A. tem 14 barragens localizadas na bacia e no pé da serra, com grandes reservatórios de ferro e manganês, sendo duas delas na categoria de alto risco, com alto dano potencial. Esse tipo de CRI (Categoria de Risco), de alto risco e alto potencial danoso, só é verificado em quatro cidades do país: Ipixuna do Pará e Barcarena, no Pará, Presidente Figueiredo, no Amazonas, e Corumbá/MS.

Vale ressaltar que as quatro barragens da Samarco, existentes em Mariana, tem categoria de risco baixo. As outras empresas que atuam em Corumbá são: Mmx Corumbá Mineração S.A. e Mineração Corumbaense Reunida S.A. As duas empresas, que tem três barragens, tem categoria baixa de risco.

A Vale controla duas dessas três empresas. Apenas no ano passado, a Vale produziu 5,8 milhões de toneladas de minério de ferro e 601 mil toneladas de minério de manganês no Estado. Segundo a empresa, todas as barragens em Mato Grosso do Sul estão classificadas na categoria de baixo risco.

Se as barragens se romperam podem causar sério danos ao Pantanal sul-mato-grossense, assim, como ocorreu em Minas Gerais e no Espírito Santo. De acordo com o Cetem (Centro de Tecnologia Mineral), do Ministério da Tecnologia, a mineração, principalmente, de manganês, costuma produzir como rejeito o arsênio, substância altamente tóxica.

As cidades de Corumbá e Ladário, juntas, tem cerca de 130 mil habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Uma das comunidades que fica no Pantanal, Antônio Maria Coelho, já reclamou em abril de 2014 da água na região. Segundo relatos, com o início da mineração alguns córregos na Morraria do Urucum secaram e a vazão de outros foi reduzida, além da qualidade prejudicada. 

Para que não ocorra acidentes, a Vale disse que faz uma verificação detalhada das condições estruturais de suas barragens em todo Brasil, e que, nas últimas inspeções, nenhuma alteração foi detectada.

De acordo com o assessor de imprensa da Vale, Leandro Grandi, a empresa tem os PAEBMs (Planos de Ações Emergenciais) para as estruturas em que há exigência prevista na legislação. “Os planos apresentam procedimentos de mitigação e comunicação que devem ser adotados em situação de emergência, visando à preservação da vida, da saúde, de propriedades e do meio ambiente”, ressalta.


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