A Sport 10 Licenciamentos do Brasil, empresa que explora a imagem de Pelé no país, conseguiu penhorar a Vila Belmiro como garantia para o pagamento de uma dívida de R$ 2.348.483,80 que o Santos tem com o maior ídolo de sua torcida
O clube tem contrato com a companhia para a utilização do ex-atleta em ações de marketing desde abril de 2013, documento assinado ainda na gestão de Odílio Rodrigues. Em 2014, o acordo foi renovado e ampliado por 50 anos – Pelé completou 75 anos em outubro.
A execução, que tramita na 16ª Vara Cível de São Paulo, cobra o pagamento de uma parcela de US$ 250 mil e outras quatro de US$ 100 mil, a primeira vencida em julho do ano passado, as demais entre junho e setembro de 2015 – o valor considera a cotação do dólar no vencimento.
O presidente do Santos, Modesto Roma Júnior, minimizou a cobrança.
– É um assunto que está sendo resolvido no jurídico. É algo mais ou menos normal, não dou muita importância. A penhora é apenas uma garantia – disse.
O dirigente, porém, não garantiu uma solução amigável para a disputa. Ele classificou o acordo como "danoso" ao Santos.
– (O fim do processo) depende muito da postura daqui para a frente. Primeiro, não coloco o Pelé. A briga é com essa empresa. É um contrato que é danoso ao Santos, vamos tentar avançar.
O acerto estima que Pelé faça quatro aparições pessoais em 2015 e 2016, por US$ 500 mil por ano; entre 2017 e 2019, são duas aparições por US$ 400 mil anuais. A partir de 2020, o documento não prevê aparições, mas a cobrança continua: US$ 300 mil por ano.
Além disso, Pelé tem direito a dois acompanhantes a cada aparição ou sessão de fotos prevista, sempre com passagens de primeira classe e hospedagem em hotéis cinco estrelas, despesas pagas pelo clube.
Para Modesto, o processo não atrapalha as conversas para que o Santos assuma a gestão do Museu Pelé, que vive uma crise financeira e pode passar às mãos do clube.
– Essa questão caminha independentemente disso (disputa com a Sport 10).
A penhora ainda não consta nos autos, mas foi informada ao juízo pela Sport 10 no começo de dezembro. A petição, do dia 2, porém, pedia também que o tribunal bloqueasse a premiação que o Santos receberia pelo vice-campeonato da Copa do Brasil, quase R$ 6 milhões, em substituição à penhora do estádio, mas a demanda foi negada.
Procurados, os advogados da Sport 10 não quiseram comentar a ação.