O vereador Derly dos Reis de Oliveira, conhecido popularmente como Cazuza, do PP, confirmou em depoimento realizado nesta sexta-feira (22), no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, que manteve vários encontros com o agiota Salem Pereira Vieira. Segundo ele, as reuniões começaram em agosto de 2013, quando Salem lhe procurou para mostrar gravações de conversas que mostravam suposto esquema para retirar o atual prefeito Alcides Bernal, do PP, do poder.
Conforme o relato do parlamentar, naquela época, Gilmar Olarte ainda era vice-prefeito de Campo Grande, mas já iniciava articulação para assumir o comando da Capital.
"Conheço o Salem, ele me procurou há um ano para conversar comigo na prefeitura. Ele queria informar que tinha uma gravação e queria me mostrar. Era uma construção para tirar o Bernal do poder e disse que retornaria para mostrar a tal gravação. Naquele momento, eu disse que tinha interesse em ver o que estava acontecendo. Depois, ele voltou a me procurar e o encontrei outras vezes", relatou Cazuza.
Durante o depoimento, o vereador disse que o agiota não havia pedido 'dinheiro em troca de mídia'. "A orientação que fiz foi para que ele procurasse a polícia e falei com Bernal sobre isso", revela.
Em um dos encontros, Cazuza disse que se encontrou com Salem em uma praça de um supermercado, e lá, o agiota mostrou um vídeo no notebook. "Era uma filmagem na Rua Cuiabá, no Jadim Leblon". "O vídeo que fala do golpe. Ronan [Feitosa] oferecendo e negociando área pública ao Salem. E depois fala que vai ocorrer golpe, fala de filhos de desembargadores envolvidos. O vídeo tem nove minutos e levei ao conhecimento de Alcides Bernal. Só encontrei Salem sozinho e falei pro Bernal do ocorrido que reforçou que o correto seria procurar as autoridades".
Na mesma ocasião, o vereador ainda falou que ficou sabendo de um segundo vídeo, em que o agiota dizia que era de pedofilia. "Esse vídeo ele nunca me mostrou. Ele não pediu nenhum valor e pedi que ele denunciasse as autoridades".
Foto: Dany Nascimento
Outra testemunha
O vereador Cazuza também confirmou que conheceu Marly Débora Pereira, outra testemunha de acusação no caso, por meio de um rapaz chamado 'Jefersson'. Ele conta que ficou sabendo que a mulher emprestou cheques a Ronan e que não foram compensados por ele. "Ela falou que Olarte e Ronan não retornavam e se sentia ameaçada".
Cazuza ainda revelou que, na última conversa que teve com ela, "a mesma disse que estava sendo ameaçada desde 2013 e que continuou até 2014. Ela estava sendo coagida e a orientei a procurar as autoridades policiais. Bernal nunca orientou em nada em relação a ela". Neste caso, o parlamentar teria realizado dez encontros com a testemunha.
