18/02/2016 às 19h08min - Atualizada em 18/02/2016 às 19h08min

Quando a self vale mais que a vida

Luciano Gazola
Multidão estava mais preocupada com fotos do que devolvê-lo ao mar (Foto: Reprodução/Facebook/Hernan Coria)

O golfinho que morreu na Argentina anuncia a patologia social que tomou conta do mundo. A vida irreal, a necessidade de aparecer antes de ser. 

A tecnologia infelizmente é mais veloz do que nossas capacidades emocionais, e o que era pra ser dominado  pelo homem tem dominado o homem. A vezes desconfio que estávamos mais preparados para o teletransporte do que para as redes sociais virtuais. 

As redes sociais têm as suas funções, elas trazem informações, servem de marketing e de certa forma e com o uso certo até aproximam pessoas. O problema é que vendem ilusões, anunciam mentiras e criam uma vida irreal tão estressante ou mais estressante do que a vida real. Virou necessidade. Virou vicio. 

Os sorrisos das redes sociais quase sempre não representam a vida real. O contato virtual não supre e não pode substituir o abraço, o aperto de mão, o velho "tete a tete". É ilusão! Quase sempre o carro novo com a frase "obrigado Semhor" vem acompanhado de um carnê com dezenas de prestações que não aparecem na self. O arroz e o feijão de todo dia não vai pro site de fotos, mas o banquete japones "de vês em quando" sempre está na rede. Com tanta ilusão na vida virtual fica duro encarar a vida real. Mas é na vida real que vivemos. Não se iluda até fake de internet tem vida real. 

Várias vezes me senti constrangido ao sentar à mesa de um restaurante e agradecer com os olhos fechados a comida, até que percebi que a gratidão não está em um ato, e que um ato mal interpretado pode gerar uma impressão puritana que na minha opinião me afasta de tudo que creio ser, parei! Mas sinceramente bater foto da comida e postar nas redes sociais com o a frase "tá difícil" é no mínimo estranho, e antes que algum diga, sim já fiz, mas ainda não fiz biquinho na self, kkkk. 

As redes sociais  tem um poder de domínio tão grande que já surgiu o "jejum de facebook", e os grupos de ajuda para dominados pela virtualidade, pasmem eles acontecem na net. 

O golfinho morreu porque a vida virtual vale mais que a vida real na balança de alguns. Pessoas brigam e nunca mais se falam, bloqueiam e desfazem amizades na vida virtual. 

Se quiser usar use com moderação pra que a rede social não lhe use como um fantoche do mundo virtual, a vida real é bem mais atraente. 

Luciano Gazola, teólogo e comerciante em Fatiam do Sul. 


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