O golfinho que morreu na Argentina anuncia a patologia social que tomou conta do mundo. A vida irreal, a necessidade de aparecer antes de ser.
A tecnologia infelizmente é mais veloz do que nossas capacidades emocionais, e o que era pra ser dominado pelo homem tem dominado o homem. A vezes desconfio que estávamos mais preparados para o teletransporte do que para as redes sociais virtuais.
As redes sociais têm as suas funções, elas trazem informações, servem de marketing e de certa forma e com o uso certo até aproximam pessoas. O problema é que vendem ilusões, anunciam mentiras e criam uma vida irreal tão estressante ou mais estressante do que a vida real. Virou necessidade. Virou vicio.
Os sorrisos das redes sociais quase sempre não representam a vida real. O contato virtual não supre e não pode substituir o abraço, o aperto de mão, o velho "tete a tete". É ilusão! Quase sempre o carro novo com a frase "obrigado Semhor" vem acompanhado de um carnê com dezenas de prestações que não aparecem na self. O arroz e o feijão de todo dia não vai pro site de fotos, mas o banquete japones "de vês em quando" sempre está na rede. Com tanta ilusão na vida virtual fica duro encarar a vida real. Mas é na vida real que vivemos. Não se iluda até fake de internet tem vida real.
Várias vezes me senti constrangido ao sentar à mesa de um restaurante e agradecer com os olhos fechados a comida, até que percebi que a gratidão não está em um ato, e que um ato mal interpretado pode gerar uma impressão puritana que na minha opinião me afasta de tudo que creio ser, parei! Mas sinceramente bater foto da comida e postar nas redes sociais com o a frase "tá difícil" é no mínimo estranho, e antes que algum diga, sim já fiz, mas ainda não fiz biquinho na self, kkkk.
As redes sociais tem um poder de domínio tão grande que já surgiu o "jejum de facebook", e os grupos de ajuda para dominados pela virtualidade, pasmem eles acontecem na net.
O golfinho morreu porque a vida virtual vale mais que a vida real na balança de alguns. Pessoas brigam e nunca mais se falam, bloqueiam e desfazem amizades na vida virtual.
Se quiser usar use com moderação pra que a rede social não lhe use como um fantoche do mundo virtual, a vida real é bem mais atraente.
Luciano Gazola, teólogo e comerciante em Fatiam do Sul.