19/08/2016 às 15h14min - Atualizada em 19/08/2016 às 15h14min

Mulher de 43 anos sofre AVC e está há uma semana em leito improvisado

- Campo Grande News
Marinete na ala verde do pronto socorro da santa casa, onde aguarda transferência para o Hospital Regional. (Foto: Direto das Ruas)

Depois de ter sofrido um AVC (Acidente Vascular Cerebral) isquêmico, Marinete Conceição de Souza Santos, 43 anos, espera há uma semana no pronto socorro da Santa Casa de Campo Grande por uma vaga no Hospital Regional. “Nos informaram que é lá que devem ser tratados os casos de AVC Isquêmico, mas pedimos o leito no sábado e ainda não conseguimos a transferência”, conta Analece Conceição Souza, 50 anos, irmã da paciente.

O drama começou na sexta-feira (12). Marinete passou mal enquanto pilotava sua moto rumo à sua casa, depois de um dia normal de trabalho. Ela conseguiu parar, populares pediram socorro e o Corpo de Bombeiros a levou para Santa Casa de Campo Grande. Chegando lá, Marinete recebeu o diagnóstico: AVC isquêmico, quando um coágulo impede que parte do cérebro receba fornecimento de sangue.

Com o diagnóstico, veio outra má notícia. Não era lá que ela deveria ser atendida, mas sim no HR (Hospital Regional), no Aero Rancho.

Isso porque, segundo a Santa Casa, é para lá que devem ser encaminhados os casos isquêmicos de AVC, enquanto ela fica responsável pelos casos hemorrágicos. O problema é que o HR não recebe Marinete porque está sem vagas.

O atendimento do AVC isquêmico deve ser feito por neurologistas clínicos, com medicamentos, enquanto a Santa Casa só tem neurocirurgiões. A assessoria do hospital confirma que o ideal seria que ela fosse transferida e que solicitou a transferência de Marinete e foi informada de que não haviam leitos vagos no HR, mas que, enquanto isso, está medicando e assistindo a paciente.

Para agilizar a transferência, Analece entrou na justiça via Defensoria Pública, mas até agora nada. “O defensor entregou intimação para o estado e o município, mas eles jogam a situação de um lado pro outro e quem se prejudica é a gente”, desabafa a irmã de Marinete.

O HR informa que é referência em cardiologia e oncologia, mas que está aguardando a abertura de vaga para receber Marinete e que, infelizmente, ainda não há previsão para que isso aconteça. A assessoria do hospital informa que já notificou a Justiça sobre a falta de vagas.

Enquanto espera, Analece vê o quadro da irmã piorando. “Ela não fala, está ruim e agora começou a tossir e parece pneumonia”, conta. A assessoria de imprensa da Santa Casa, entretanto, disse que Marinete está consciente e conversando com a equipe de profissionais que presta atendimento a ela. 

Queda de braço – Estado e Município vivem hoje disputa pela regulação dos leitos na Capital que, por enquanto, estão sob responsabilidade da Prefeitura. Por enquanto, porque o governo estadual pretende incluir a distribuição de vagas em Campo Grande nas atribuições de uma Organização Social contratada em julho para fazer a regulação em todo o estado.

Sobre Marinete, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Saúde informou que a questão deve ser resolvida pela prefeitura, que cuida da regulação hoje. A gestão municipal, por sua vez, já havia comunicado sobrecarga nos leitos de UTI por conta de alta demanda do interior. Procurada pela reportagem para comentar o caso de Marinete, ainda não se manifestou.

Hemorrágico x Isquêmico - A diferença entre os dois quadros está no tratamento. O AVC isquêmico se trata do coágulo impedindo o sangue de circular, daí o tratamento deve incluir remédios para diminuir o entupimento. Já no AVC hemorrágico, o coágulo se rompe e provoca hemorragia. É o famoso “derrame”. O quadro mais agudo precisa de cirurgia imediata e é menos comum, porém mais fatal que o isquêmico.


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