31/08/2016 às 09h00min - Atualizada em 31/08/2016 às 09h00min

Polícia faz mais de 100 indiciamentos no caso de fraudes com leituristas

A Polícia Civil, após pouco mais de três meses das investigações sobre fraudes envolvendo leituristas terceirizados, em Campo Grande, realizou mais de 100 indiciamentos. Nós últimos três meses, desde que o crime foi descoberto, triplicou o número de pessoas apontadas como envolvidas neste esquema, conforme afirmou ao G1 o delegado Jairo Carlos Mendes, titular da 5ª Delegacia de Polícia.

Recentemente, a polícia pediu um prazo maior para investigar a fraude. A suspeita é que os leituristas "mantinham contato e ficavam interessados pelo dinheiro fácil do esquema. "No entanto, nos autos, não temos elementos suficientes para dizer que estes funcionários terceirizados faziam parte de uma associação criminosa", afirmou o delegado João Reis Belo, responsável pelas investigações..

Nos próximos 30 dias, a investigação pretende localizar e prender o homem suspeito de fornecer o equipamento chupa-cabra, utilizado para cometer a fraude. "Após conseguir uma clientela fixa, a investigação acredita que eles agiam de maneira independente. Já temos cinco prisões, cerca de 50 indiciamentos e também uma média de duas pessoas a mais envolvidas nesta fraude", comentou o delegado.

Propina mensal
O primeiro funcionário preso por suspeita de fraude, de 34 anos, recebia de R$ 8 a R$ 10 mil por mês de propinas, pagas por dezenas de clientes na cidade, segundo a Polícia Civil. Ele cobrava taxa pelo esquema para reduzir o valor a ser pago pelos consumidores ao fazer a leitura dos relógios.

Pelo menos 40 clientes estariam envolvidos no crime descoberto após a concessionária de energia constatar irregularidades em faturas. O suspeito foi preso em flagrante com um celular, dois equipamentos usados para leitura e R$ 200. O dinheiro seria fruto de um acordo entre o suspeito e um comerciante, momentos antes da prisão.

"O cliente reclamou que estava cara a conta. Daí ele me abordou e falou que se tinha uma forma de diminuir. Em vez de colocar o que indicava o relógio, eu coloquei a metade. Fiz prática ilegal", afirmou o funcionário que não quis ser identificado, explicando que o acordo entre os dois já ocorria há oito meses. O advogado do comerciante de 34 anos não quis comentar o caso.

Inteligência da concessionária
Anterior a investigação policial, inspeções de rotina e informações de um sistema inteligente de combate a perdas, da companhia, apontaram irregularidades em 50 locais. São pessoas de diversas regiões do município.

Investigadores recolheram 40 faturas de energia elétrica na casa do suspeito (Foto: Ronie Cruz/G1 MS)

Investigadores recolheram 40 faturas de energia elétrica na casa do suspeito (Foto: Ronie Cruz/G1 MS)

Investigadores recolheram 40 faturas de energia 
elétrica (Foto: Ronie Cruz/G1 MS)

Em nota, a Energisa diz que reforça que não compactua com este tipo de conduta, seja na sociedade, em seu quadro funcional ou no de empresas contratadas. A concessionária preza pela atuação dentro das normas vigentes, com foco na qualidade dos serviços prestados. Denúncias podem ser feitas pelo telefone 0800 722 7272.

Entenda o caso
A polícia instaurou inquérito no dia 12 de maio, para apurar a fraude envolvendo ao menos 50 consumidores e o funcionário. Na ocasião, houve um flagrante e o delegado Jairo ressaltou que "esta é uma modalidade diferente de crime, sendo que a polícia mantém contato com a Energisa para mensurar o prejuízo. Com a continuidade das buscas, mais de 100 pessoas foram indiciadas e quatro presas, algumas inclusive em flagrante.

Ainda conforme Mendes, o crime somente ocorria com o apoio de um funcionário, o chamado 'leiturista'. “No momento em que ele vai fazer a medição e imprime a conta, coloca um valor muito menor do que o consumido e por conta disso ganhava uma propina mensal”, finalizou o delegado na ocasião.


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