30/01/2017 às 13h10min - Atualizada em 30/01/2017 às 13h10min

Com cabeça raspada, Eike Batista é transferido de presídi

Empresário foi preso ao desembarcar no Galeão, na manhã desta segunda-feira.

O empresário Eike Batista deixou o presídio Ary Franco, na Zona Norte do Rio, por volta das 13h30 desta segunda-feira (30). Com a cabeça raspada e uniforme de detento, ele foi colocado dentro de uma viatura da polícia, levando um travesseiro na mão, rumo ao Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu. O empresário, que era considerado foragido e estava em Nova York, foi preso ao desembarcar no Galeão, pela manhã.

Segundo as primeiras informações, após a triagem no Ary Franco, foi decidido que o empresário ficará na Cadeia Pública Bandeira Stampa, conhecida como Bangu 9. O motivo seria a falta de segurança na penitenciária, segundo o Jornal Hoje.

Por não ter nível superior, Eike não pode ir para Bangu 8, mesmo presídio em que está o ex-governador Sérgio Cabral e outros presos durante as operações Calicute e Eficiência, desdobramentos da Lava Jato.

Segundo agentes do Serviço de Operação Especiais da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), que fizeram o tranporte de Eike para Bangu, o Bandeira Stampa é uma cadeia em que não há domínio de facção criminosa. As celas são para até seis presos, que costumam trabalhar dentro das próprias unidades prisionais – por isso, ganharam o apelido de "faxina".

Eike Batista saiu do presídio Ary Franco, na Zona Norte, e seguiu para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste (Foto: Reprodução / Globo News)

Com cabeça raspada, Eike Batista é colocado em viatura (Foto: Carlos Brito/G1)

Eike ficou quase duas horas no Ary Franco. Ele foi preso por agentes da Polícia Federal às 10h. O empresário é suspeito dos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção ativa.

Ele teve a prisão preventiva decretada depois que dois doleiros disseram que ele pagou US$ 16,5 milhões a Sérgio Cabral, o equivalente a R$ 52 milhões, em propina. A prisão preventiva foi decretada pelo Juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal, na operação Eficiência.

O advogado dele, Fernando Martins, estava no Ary Franco quando Eike chegou. “A defesa não teve acesso a ele, não conseguimos traçar a linha de defesa então nós vamos aguardar e conversar com o cliente. Até agora, as medidas jurídicas que estamos adotando são no sentido de preservar a integridade física dele. Não posso acrescentar o que será feito agora. Ontem ele deu uma entrevista no sentido que ele disse que passaria a limpo, vai prestar os esclarecimentos necessários. A gente vai definir a linha de defesa em conjunto.”, afirmou.

Entrevista no aeroporto
Antes do embarque em Nova York, Eike disse em entrevista ao repórter Felipe Santana e ao cinegrafista Sherman Costa, da TV Globo, que "está à disposição da Justiça" (veja no vídeo acima).

"Acho que o que o Ministério Público está passando o Brasil a limpo de uma maneira fantástica. Eu digo que o Brasil que está nascendo agora vai ser diferente. Porque vai pedir suas licenças, vai passar pelos procedimentos normais, transparentes e se você for melhor vai ganhar e acabou a história", declarou. "Estou à disposição da Justiça. Como Brasileiro, estou cumprindo o meu dever. Estou voltando. Essa é minha obrigação (...) Como estou nessa fase me entregando à Justiça, é melhor não falar nada."

No aeroporto, algumas pessoas pedir para tirar fotos com o empresário. Questionado sobre essas atitudes, ele respondeu: "Carinho [de pessoas] que enxergam que eu devo ter feita muita coisa boa no Brasil, né?", diz.

Em seguida, um homem que passa por trás e provoca: "Vai tomar Catuaba Selvagem [bebida barada à base de vinho] lá com o teu colega Cabral [Sérgio, ex-governador do Rio]?".

Eike olha, retorno para a entrevista e diz: "Paciência, é assim, né?".

Em seguida, fala sobre a Operação Lava Jato. "Olha, é aquele negócio, se forem cometidos erros, você tem que pagar pelos erros que você fez", diz, antes de responder se considera que errou. "Eu acho que não."


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