16/03/2017 às 16h35min - Atualizada em 16/03/2017 às 16h35min

Adolescente de 13 anos confessa ter matado estrangulado menino de 7 anos em Maceió

A informação foi confirmada pela delegada que investiga o caso

Corpo de Samuel foi encontrado no dia 9 de março, em estado de decomposição (Foto: Divulgação/SSP-AL)

Um adolescente de 13 anos confessou ter matado estrangulado um menino de 7 anos na Chã da Jaqueira, em Maceió. A informação foi confirmada pela delegada que investiga o caso, Daniela Alves, durante entrevista coletiva na Secretaria da Segurança Pública de Alagoas (SSP) nesta quinta-feira (15).

O corpo de Samuel Gomes dos Santos foi encontrado parcialmente carbonizado no último dia 9. De acordo com familiares, ele tinha saído para brincar com amigos pelo bairro onde morava no dia 3 e depois não foi mais visto.

Segundo as investigações, agressor e vítima se conheciam - Samuel frequentava a casa do adolescente e chegava até a fazer refeições com a família dele. A delegada disse que o adolescente justificou o assassinato dizendo que a criança xingou a mãe dele.

"A gente ouviu todos os envolvidos, ouviu as testemunhas e ontem, ele [o adolescente] confessou para gente. Foi um xingamento que o Samuel realizou no mesmo dia e por conta do xingamento, houve o homicídio. Ele não tem nenhuma passagem pela polícia, não era usuário de drogas", explica a delegada.

O adolescente foi ouvido pela delegada e liberado. "Como o fato foi no dia 4, teve essa demora para a polícia ser informada do desaparecimento do menor, não era possível apreensão em flagrante, mas a gente vai representar pela busca e apreensão dele".

Ainda de acordo com a delegada, as outras crianças que brincavam com ele no dia da morte, de 14, 12 e 9 anos, foram ameaçadas pelo adolescente para que não contassem o que viram.

"O menor envolvido criou várias histórias e ameaçou os outros menores, testemunhas. Eles viram o menor de 13 anos estrangulando a vítima, e após isso ele subiu no morro e ameaçou os demais. No dia posterior, ele subiu até a mata na companhia de outro menor e ateou fogo ao corpo para que ele não fosse reconhecido", detalha Daniela.

O exame realizado pelo Instituto de Medicina Legal (IML) apontou morte por enforcamento. Havia uma suspeita de violência sexual, mas ela foi descartada pela polícia. "Não teve violência sexual, a gente está esperando laudo definitivo do IML, mas já podemos descartar essa possibilidade".

A demora entre o desaparecimento do menino e a localização do corpo se deu, segundo a polícia, porque a mãe de Samuel não noticiou logo o fato à polícia. A delegada explica que era comum a criança sair de casa e só voltar dias depois.

"A mãe não chegou a noticiar o desaparecimento, ela demorou para perceber que a criança estava desaparecida, então a polícia só soube disso depois. Era comum a criança passar dias fora de casa, sem mãe procurá-lo. Inclusive, era comum que a criança fizesse refeições na casa da mãe do autor do fato. Eles tinham proximidade de amizade", revela.

José Cícero dos Santos, pai do menino assassinado, diz não acreditar que o adolescente agiu sozinho (Foto: Michelle Farias/G1)

José Cícero dos Santos, pai do menino assassinado, diz não acreditar que o adolescente agiu sozinho (Foto: Michelle Farias/G1)

José Cícero dos Santos, pai do menino
assassinado, diz não acreditar que adolescente
agiu sozinho (Foto: Michelle Farias/G1)

A mãe de Samuel não teve o nome divulgado. O pai da criança, José Cícero dos Santos, falou com a imprensa após a entrevista coletiva. Ele tinha 5 filhos com a mãe de Samuel, mas foi avisado do desaparecimento por uma tia da criança.

"Quando soube do desaparecimento, fui atrás do menino que estava com ele. Ele me indicou o local onde o corpo estava e subimos a mata. Foi quando encontrei meu filho. Desmaiei na hora. Muito triste o que fizeram com ele. Ele estava com a parte de cima toda queimada", lamenta Santos.

Ele diz ainda acreditar que há outras pessoas envolvidas na morte de Samuel. "Não acredito que uma criança fez isso com meu filho. Tem gente grande no meio envolvida", afirma.

A delegada, entretanto, afirma que as evidências apontam que o adolescente agiu sozinho. "Achei ele bastante dissimulado, as versões que ele criou eram bastante elaboradas para a idade dele. Inclusive, até nos corredores da delegacia, a forma dele se portar era de um adolescente maduro".

O coordenador da Delegacia de Homicídios, Fábio Costa, falou do perfil do adolescente. "Demonstrou frieza, mas não arrependimento. Em todo momento, a única preocupação dele era sustentar que não teria praticado o ato infracional".

A delegada espera o laudo final do IML para concluir o inquérito e encaminhar o caso ao Juizado de Menores.


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