25/05/2017 às 10h19min - Atualizada em 25/05/2017 às 10h19min

Alunos usam drogas no portão da escola em MS que fica perto da Superintendência da PF

Comerciantes reclamam do movimento e das pichações e os pais e educadores se preocupam com a segurança dos jovens.

Alunos da Escola Estadual Arlindo de Andrade Gomes, na Vila Sobrinho, em Campo Grande, usam drogas no portão da instituição que fica a uma quadra da Superintendência da Polícia Federal, principalmente nos horários de início das aulas.

A Secretaria Estadual da Educação (SED) informou que a Escola Estadual Arlindo Gomes de Andrade é atendida pelo Programa Cultura, Arte e Paz (CAP) desde 2016. Por meio de palestras para estudantes e comunidade escolar, o juiz federal Odilon de Oliveira, o policial federal André Salineiro, e o delegado Bruno Henrique Urban, da Delegacia Especializada de Atendimento a Infância e a Juventude (Deaij).

A escola ainda participa dos projetos “Família e Escola”, para propor a reflexão com os pais e responsáveis sobre a importância da participação no desenvolvimento integral dos filhos; e Justiça Restaurativa nas Escolas, em parceria com o Tribunal de Justiça, por meio da Coordenadoria da Infância e Juventude, com finalidade de prevenir a violência e proporcionar a solução de conflitos no âmbito escolar.

A SED também está implementando com a Secretaria Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) o Programa “Escola Segura, Família Forte” para atender as demandas apresentadas pela unidade escolar, auxiliando às escolas na prevenção e combate da violência e do uso de drogas, no âmbito escolar e no entorno.

O problema preocupa pais, educadores e autoridades da capital de Mato Grosso do Sul. Moradores e comerciantes dizem que o problema é antigo e ninguém tenta resolver.

A rotina para cerca de 600 alunos da escola começa as 7h (de MS), mas, minutos antes de entrarem para as salas de aula, os estudantes uniformizados fazem de um muro a 20 metros do portão da escola, um ponto de encontro.

Imagens feitas por um produtor da TV Morena, às 6h40 (de MS), mostram alunos fumando o que aparentemente é um cigarro de maconha. Dividem entre eles e não se importam se estão sendo vistos.

Um homem preocupado com a segurança do filho de 17 anos, que estuda no colégio, desabafa. “Eles vão chegando, vão fazendo uma rodinha. Um acende um, daqui a pouco chega mais um e já acende outro. Daqui a pouco tem uns 10 cigarros acesos, todo mundo fumando, entendeu? Um passando pro outro. Apaga um, acende outro e isso as vezes demora ali 30, 40 minutos. E você não ve nenhuma autoridade passar, fazer nada, nada, nada com respeito a isso”.

Os pais que levam os filhos todos os dias dizem que essa concentração é muito comum antes do início das aulas. E muitas vezes são formadas rodas para que os alunos consumam drogas.

A escola está em uma área de comércio com muitas lojas. Os próprios comerciantes já fizeram reclamações para a direção da escola, sobre a concentração dos alunos, do uso de drogas e também da pichação.

“Quem trabalha na região se sente incomodado porque aí é prejudicado, o comércio é prejudicado por essas pessoas, porque onde está essa reunião de pessoa assim os clientes, os compradores não aparecem, preferem optar por outros lugares”, disse um comerciante.

A direção do colégio diz que conseguiu acabar com o consumo de drogas dentro da escola, mas admite que é difícil controlar o que acontece fora dos portões.

“Dentro da escola, no começo do ano, nós fizemos um trabalho bastante intensivo, onde por convencimento, por persuasão, trazendo eles para o nosso lado, de uma forma bem efetiva, eles foram convencidos a não ter esse hábito, mas nas horas de entrada e saída da escola nós temos realmente essa dificuldade, porque nossa autoridade fica para dentro do muro da escola, pra fora a gente precisa de apoio para estar fazendo esse trabalho”, afirmou o diretor Marcelo José Souza.

A Polícia Militar diz que só pode ir ao local quando é acionada pela direção da escola. “Tem que ser feito documentalmente porque nós lidamos com adolescentes, menores e muitas vezes nós somos barrados, barrados mesmo. Porque quando nós vamos ao encontro desses menores, para meus policiais não serem punidos pela Justiça, porque se trata de menor, porque qualquer menor para ser conduzido para a delegacia ele tem que está acompanhado por seu responsável”, afirmou o tenente-coronel Mário Angelo Ajala.

Segundo o tenente-coronel, “se a escola não solicitar, ou fizer uma reunião com os diretores da região e chamar eu como comandante da área, mais a guarda municipal para que a gente intensifique, para gente parece que está tudo tranquilo”.

A PM afirma que as drogas são a principal ameaça para o ambiente escolar. Para os educadores é um dos motivos que podem tirar alunos da sala de aula. De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, em 2016, 22% dos 257 mil alunos da rede estadual, deixaram a escola ou reprovaram.


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