26/05/2017 às 08h16min - Atualizada em 26/05/2017 às 08h16min

Desorganização marcou a audiência no Douradão para ensinar pais a "serem pais"

Muitos pais foram embora reclamando e teve gente até no gramado.

Público superior a lotação permitida no Estádio Douradão. Tumulto no trânsito da Rua Coronel Ponciano. Pais voltando para casa sem ter espaço para assistir a palestra. Esta foi a síntese da audiência pública organizada pelo Ministério Público que acontece na noite desta quinta-feira para a apresentação do Programa de Conciliação para Prevenir a Evasão e a Violência Escolar (Proceve).

A desorganização do evento começou com a convocação feita pela Promotoria da Infância e da Juventude onde os pais sentiram-se coagidos a participar da audiência sob pena de pagar de três a vinte salários mínimos caso não comparecessem. A falta de segurança no Douradão fez com a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros entrassem em ação e orientassem a promotoria a realizar o encontro em duas datas diferentes já que está liberado um público de apenas 7900 pessoas.

Hoje foi a vez dos pais de alunos da Rede Municipal e no dia nove acontece o encontro dos pais das escolas estaduais. Faltou planejamento e diálogo antes realizar um evento desta envergadura. Os ônibus colocados pela empresa de transporte coletivo não foram suficientes para atender todos os pais que vieram de vários bairros e até da Reserva Indígena.

A desorganização não parou por aí. Para justificar a presença os pais tinham que depositar um cupom em caixas de papelão. Acontece que os cupons foram colocados de forma misturada nas caixas fazendo com que os pais questionassem se realmente a presença iria ser confirmada já que ainda não se sabe como e quem fará o processo de separação escola por escola.

Dentro do Estádio o clima era de paz e alegria. Os pais faziam eco aos ensinamentos do procurador de Justiça Sérgio Harfouche autor da lei que leva o seu nome aprovada em primeira votação pelos deputados estaduais mas que ainda não vigora. Em sua palestra Harfouche fez o papel de um professor e passou a ensinar os milhares de pais presentes a “serem pais”, sob forma de admoestação, arguindo sobre a necessidade deles serem agentes responsáveis pela educação de seus filhos e se responsabilizando pelos atos das crianças e adolescentes. A proposta e Harfouche é obrigar os alunos envolvidos em atos de vandalismo a consertar os danos provocados

A polêmica da “mega” audiência pública que teve público acima do permitido já que centenas de pais ocuparam o gramado do estádio chegou até a Assembleia Legislativa onde a convocação ameaçadora foi duramente criticada. O Sindicato dos Professores de Dourados considerou a audiência como uma atitude intempestiva.

Um grupo de pais que tiveram que voltar para casa por não haver mais espaço no Estádio imediatamente ocuparam as redes sociais para criticar o que chamaram de “evento sem organização”. A jornalista Jamiliê Depieri disse que “o projeto é muito bacana, uma tristeza isso. O procurador poderia ter realizado de outra forma. Poder ter buscado informações sobre nossa cidade, a capacidade do Douradão e a quantidade de pais ou ter feito a reunião por regiões”. Para Sandra Regina da Silva foi uma palhaçada. “Meu Deus o que é isso”.

O internauta Carlos Andre afirmou nas redes sociais: “ridículo isso, não tem sinalização, acidente na rua, gente passando mal, crianças perdidas e uma total falta de respeito com os pais que trabalharam o dia todo no sol e que chegar em casa e sair as pressas para ir nessa palhaçada”.


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