03/10/2017 às 15h38min - Atualizada em 03/10/2017 às 15h38min

Ex-cunhada é 3º vítima de professor de dança, e denuncia estupros e sexo a três

Em quatro dias, 4 mulheres relatam mesmos crimes na 'companhia de dança'

- MÍDIA MAX

Surge a quarta vítima denunciando um professor de dança e coreógrafo de Campo Grande por assédio sexual e estupro, desde que uma bailarina o acusou nas redes sociais do mesmo crime, na última sexta-feira (29). Desta vez, foi uma ex-cunhada do homem e outra bailarina da companhia de dança, que relataram os abusos que teriam sofrido enquanto faziam parte do balé. A ex-cunhada morou por três anos com o professor e a irmã, na Capital.

O suspeito, que negou e registrou uma queixa na polícia contra a primeira bailarina, foi procurado quando apareceu a segunda jovem, e chegou a dizer ao Jornal Midiamax que era 'vítima de mulheres magoadas por terem sido cortadas da companhia de dança'. Agora, com o quarto caso, ele informou que 'prefere não se manifestar'.

Mesmo assim, admitiu que fez sexo com várias bailarinas, mas garante que sempre de forma consensual e diz que ninguém tem provas das acusações. “Cadê as provas, cadê as filmagens, de que sou este monstro que estão falando”, finalizou.

Ontem (segunda), o professor disse que as denúncias de abuso sexual contra ele seriam por que as bailarinas estariam ‘magoadas’ já que foram expulsas da companhia por conduta não aprovada. Ele ainda afirmou que fez sexo com várias dançarinas, mas tudo de forma consensual, negando qualquer tipo de crime.

Segundo a ex-cunhada do professor, ela sonhava com a profissão de bailarina e, por isso, se mudou para Campo Grande, ainda adolescente, aos 17 anos. Ela passou a morar com a irmã, que então era casada com o coreógrafo, e acabou estuprada pelo então cunhado.

Durante três anos ela teria sofrido abusos psicológicos e sexuais, além de agressões físicas que teriam sido presenciadas por outras bailarinas da companhia. Segundo o relato, as agressões iam de tapas a puxões de cabelo, caso ele fosse desobedecido, ou se passos de dança fossem errados nos ensaios.

Outra bailarina, que hoje tem 25 anos, e também vítima do professor de dança conta que os abusos só teriam parado nos últimos 3 anos que passou na companhia, quando foram entrando novas integrantes, que se tornariam 'novos alvos'.

Ela contou ainda que várias bailarinas da companhia de dança eram constrangidas e obrigadas a manter relações sexuais com ele, inclusive em sessões de sexo a três. “Ele fazia você acreditar que tinha talento, e que só ele podia te ajudar”, fala.

Segundo ela, geralmente as meninas que ganhavam bolsa para estudar na escola passavam a enfrentar algum tipo de assédio. "Sempre começava da mesma forma. Depois de conhecer a sua rotina, ele marcava um tipo de treinamento a sós, momento em que começam as investidas”, diz.

Ainda de acordo com os relatos, durante os treinos, ele tirava a camisa e fazia a bailarina ficar só de top, sem blusa. “Fui abusada sexualmente já no segundo treinamento. Era como se você fosse obrigada a fazer aquilo”, fala.

A ex-aluna ainda relata comportamentos abusivos por parte do professor que, segundo ela, atingiam todas as dançarinas. "Quando uma menina arrumava um namorado, o professor passava a usar palavras de baixo calão xingando as dançarinas, afirmando que elas não poderiam manter relacionamentos, pois perderiam o foco da dança", detalha.

Além disso, ela garante que muitas garotas sofreram financeiramente também. Diversas vezes, segundo ela, os cachês que as meninas ganhavam eram retidos pelo professor, com a desculpa de que já 'ganhavam visibilidade e experiência na companhia de dança'. Algumas garotas eram selecionadas para dançar num programa de tevê em emissora regional.

“Quando resolvi sair da companhia de dança, ele me ameaçou e disse que me ‘quebraria’ no meio e que nunca mais voltaria a dançar”, finalizou a jovem.

Outras denúncias

O suposto comportamento inadequado e criminoso do professor de dança virou assunto quando uma bailarina de Campo Grande, que atualmente mora no Distrito Federal, usou as redes sociais, para denunciar que teria sofrido abusos por parte do coreógrafo e dono de uma companhia de dança da Capital.

Ela afirmou no depoimento que se não mantivesse relações sexuais com ele era cortada das apresentações. A jovem diz que ainda que era obrigada manter as relações sem o uso de preservativo e que com isso, contraiu DSTs (Doença Sexualmente Transmissível).

“Iniciei como bolsista na academia dele em 2010. Fiz parte da companhia, dancei em shows, programa de TV e qualquer outra coisa que surgisse. Saí em janeiro de 2013 quando me mudei para Brasília para fazer faculdade. Nesses dois anos fui abusada sexual, profissional, financeira, moral e psicologicamente. Eu e muitas outras meninas que passaram pelos seus ‘ensinamentos’”, diz a postagem.

A dançarina afirmou em seu post que ao contar para o coreógrafo que havia contraído DST e que suspeitava de gravidez, foi humilhada e chamada de prostituta, por várias vezes. Ela ainda diz que o professor de dança teria pedido o dinheiro do cachê pago por um bar aos bailarinos, pois a companhia estava em dificuldades financeiras. Depois disso, a jovem diz não ter mais recebido o dinheiro pelo trabalho.

Sobre fazer a denúncia anos após ter deixado o grupo de dança, ela explica que “Eu não queria ter demorado tanto a falar sobre isso, mas ainda é muito difícil. A culpa e o medo que cerca esse meu discurso as vezes pesa mais do que a vontade de falar e sanar injustiças. São poucas pessoas que sabem dessa história e hoje eu quero que todo mundo fique sabendo. Ainda com medo, ainda com vergonha".

Na sequência, uma jovem que registrou denúncia na polícia em 2016, então com 17 anos de idade, contra o professor revelou que teria passado pelas mesmas situações.


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