27/12/2017 às 08h43min - Atualizada em 27/12/2017 às 08h43min

Em Rondônia, ex-PM de MS atira no tio e é apontado como sucessor de Rafaat

Como pistoleiro de Rafaat, Adair coordenou envio de cocaína da Bolívia a SP

- MÍDIA MAX

O ex-policial militar de Mato Grasso do Sul, Adair José Belo, de 46 anos, atirou na nuca do próprio tio, no último dia 23 de dezembro, antevéspera de Natal, em uma fazenda na região de Cerejeiras, em Rondônia. Durante a tentativa de homicídio, o ex-PM foi apontado pelos próprios familiares como o sucessor de Jorge Rafaat Toumani, executado em junho de 2016 com tiros de metralhadora antiaérea, quando tentava expulsar o PCC (Primeiro Comando da Capital) na Fronteira do Brasil com o Paraguai, para voltar a controlar o tráfico de armas e drogas.

Segundo reportagem do Extra de Rondônia, a tentativa de homicídio ocorreu durante uma confraternização em uma fazenda na região de Cerejeiras. Diversas pessoas estavam presentes e faziam uso de bebidas alcoólicas. Porém, durante um desentendimento entre Adair e seu tio, que teve o nome preservado, o ex-PM se apossou de uma arma e disparou contra a nuca do parente. Logo após o tiro, o filho da vítima entrou em luta corporal com o suspeito.

Testemunhas do ocorrido socorreram a vítima até ao Hospital São Lucas na cidade de Cerejeiras. Após receber atendimento médico, a vítima em estado grave foi encaminhada para o Hospital Regional de Cacoal (HRC).

A Polícia Militar (PM) foi chamada para registrar a ocorrência e no local informada pelo filho da vítima que Adair estaria o usando o nome de Jorge. Além disso, o sobrinho relatou que Adair teria comprado à fazenda próxima da cidade de Pimenteiras, ponto estratégico para comandar o tráfico internacional de drogas.

O filho da vítima ainda teria reforçado que seu tio Adair era o braço direito de um traficante que foi morto no Paraguai por membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), em emboscada com disparo de uma metralhadora .50 – arma que derruba helicópteros e aviões.

Buscas foram realizadas na fazenda e um revólver 357, uma pistola 9mm adaptada para disparar sem interrupção e diversas munições calibres 22 e 12, foram encontradas. Adair não foi preso, está sendo procurado pela polícia.

Remanescentes do grupo Rafaat

A guerra do narcotráfico na fronteira entre Brasil e Paraguai ganha novos contornos com remanescentes do grupo de Jorge Rafaat Toumani, executado em junho de 2016 com tiros de metralhadora antiaérea. Ele tentava expulsar o PCC (Primeiro Comando da Capital) da região e voltar a controlar o tráfico de armas e drogas.

O ex-policial militar estaria tramando para vingar a morte de seu ex-patrão. Belo, que já foi segurança de outro megatraficante, Irineu Domingos Soligo, o “Pingo”, trabalhava com Rafaat nos últimos anos.

Após a execução violenta de Jorge Rafaat, a tiros de metralhadora .50 no dia 15 de junho de 2016 quando transitava a bordo de um veículo Hummer blindado em Pedro Juan Caballero, por supostos pistoleiros do Primeiro Comando da Capital, a fronteira se tornou um campo de batalha, onde vários grupos tentam se instalar e dominar o submundo do crime organizado.

As ruas de Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com a cidade de Ponta Porã, a 346 quilômetros de Campo Grande, se tornaram palco de batalhas onde os adversários se enfrentam com armas de grosso calibre e aumentam a conta de velórios.

Saída da PM e Carreira no crime

O brasileiro Adair Jose Belo é natural do Paraná e foi soldado da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul. Em 1994, ele desertou do cargo, após executar, a mando de traficantes, um sargento da PMMS. Preso um ano depois, se tornou testemunha da Justiça para mapear o tráfico de drogas na região do Conesul. Anos depois, foi solto e voltou a trabalhar no narcotráfico.

Belo é foragido da justiça brasileira e para transitar pelos países estaria usando o nome do irmão Altair Jorge Belo, cuja mulher, a brasileira Josiane Vanessa Zilio, 32 anos, foi executada a tiros de fuzil no dia 31 de agosto de 2016. A mulher estava grávida e teria morrido por se envolver com traficantes rivais.

De acordo com autoridades no combate ao crime, “Belo” foi pistoleiro de Rafaat e coordenador do envio de cocaína vinda da Bolívia para o interior de São Paulo. Preso em 2012, em um sítio em Batayporã, fugiu do Centro de Triagem, em Campo Grande, pela porta da frente. Sua fuga gerou investigação e demissão de servidores da Agepen.

Ele tenta reunir outras quadrilhas da região na guerra contra o PCC, principalmente após o início das rebeliões de presos em vários locais do País, que tornou a quadrilha paulista o “inimigo a ser batido” pelas organizações criminosas locais.

Além de traficantes paraguaios, Belo recrutou apoio de quadrilhas de Santa Catarina, Mato Grosso e Bolívia. O paranaense é tido como um homem de extrema periculosidade e frieza, que após a execução de Rafaat, desapareceu do mapa sem deixar rastro, mas que contaria com o apoio de algumas autoridades para transitar sem problemas pela região.

“O único jeito de expulsar o PCC é contar com apoio de outros megatraficantes do Paraguai. O PCC é aliado de Jarvis Chimenes Pavão, que também é figura controversa no mundo do crime”, avalia uma autoridade que atua na fronteira.


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