30/10/2018 às 16h18min - Atualizada em 30/10/2018 às 16h18min

Bolsonaro foi treinador de futebol e agricultor quando viveu em MS: 'Andávamos de Kombi velha', relembram colegas

Presidente eleito era tenente do 9° Grupo de Artilharia de Campanha quando serviu em Nioaque (MS) há quase 40 anos

- O PANTANEIRO

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) viveu por 3 anos na cidade de Nioaque (MS), a 184 km de Campo Grande. Mato Grosso do Sul foi o primeiro estado em que serviu fora do Rio de Janeiro, onde formou-se na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em 1977.

O primeiro quartel que integrou foi o 21º Grupo de Artilharia de Campanha no RJ em 1978, e logo em seguida, foi transferido para o 9º Grupo de Artilharia de Campanha de Nioaque, onde serviu de 1979 a 1981. Na época como tentente, Bolsonaro era treinador do time de futebol formado pelos militares.

O pedreiro José Francisco Echeverrias, conta que o presidente eleito era um treinador exigente: “Ele era 4° zagueiro. Ganhamos tudo na época, tiro, corrida, futebol. Os melhores do time foram até selecionados para jogar na capital!”, relembra.

Bolsonaro voltou a Nioaque em 2017 para participar de uma cerimônia que encena a "Retirada da Laguna", um episódio da Guerra do Paraguai. Na cidade que foi palco da guerra, ainda estão alguns militares da reserva que conviveram com ele na época de quartel:

"Sempre existiu no nosso convívio no quartel as 3 coisas que o Bolsonaro como militar nunca dispensou, que é hierarquia, justiça e disciplina. Só que, nos momentos de folga, ele dava um ensinamento de irmão para irmão, para nós” conta o produtor rural Lutero Dias dos Santos.

Na cidade que tem na produção rural sua principal atividade econômica, Bolsonaro também aventurou-se como agricultor. Segundo José Cardoso, funcionário público, ele arrendou terras para plantar:

“Nós plantamos arroz, só que na época deu uma chuvarada, não deu pra colher, e perdemos o arroz. Então, ele 'fez a terra' de novo e plantou melancia, bastante mesmo. A melancia deu bem, colheu bem, comemos muita melancia na época", diverte-se José, que cuidava da lavoura.

O lado atleta é uma das principais recordações dos colegas: "Quando não tinha ninguém para treinar, ele ia fazer exercício sozinho”, conta o militar da reserva Patrício de Lima. Alaércio Miranda, também militar da reserva, relembra os treinos: “A gente fazia corridas em volta do quartel, era aproximadamente uns 5km, e o tenente Bolsonaro passava pela gente”.

Kombi velha e pescaria
O produtor rural Lutero Dias não esquece o veículo que usavam no final da década de 1970. Ele conta que no tempo em que serviram juntos, não havia asfalto nem energia elétrica na cidade:

"Andávamos de Kombi velha. Na época tudo era difícil, nosso meio de transporte era precário em Nioaque, então, para nós uma Kombi daquelas era artigo de luxo, era carro do ano! Era uma Kombi velha, bege, quase não tinha assoalho, eram umas tábuas de assoalho, era tudo corroído pela ferrugem."

Em 1980, o município tinha 9 mil moradores, hoje são 14 mil. A população ficou dividida no segundo turno, Bolsonaro venceu com 51% dos votos.

 
          
Nioaque, a 165km de Campo Grande, cidade onde Bolsonaro serviu de 1979 a 1981 — Foto: TV Morena/Reprodução

No ano passado, quando Bolsonaro veio à Nioaque, o comerciante Marcio Flávio levou até ele uma foto para ser autografada. Nela, o presidente eleito aparece segurando um peixe nas mãos, cena que ele via com frequência quando adolescente:

“Aqui é a propriedade dos meus pais, onde temos um balneário. Ele ia lá aos finais de semana, lembro dele pescando arraia lá no rio”, conta.

Para o militar da reserva Alaércio Miranda, uma das lembranças mais fortes é a frase militar que Bolsonaro já usava na época que serviu em Nioaque, e que virou lema de sua campanha à Presidência:

“Aqui, ele colocou na primeira bateria e ficou por vários anos, escrito lá em vermelho, em letras grandes: 'Brasil acima de tudo'", finaliza.


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