15/08/2019 às 08h16min - Atualizada em 15/08/2019 às 08h16min

Supermercado assina carteira do primeiro reeducando capacitado no projeto “Oportunidade”

- TJ MS
Na próxima segunda-feira (19), João Carlos começa vida nova, trabalhando com a carteira assinada em uma das unidades do Grupo Pereira, que atua no ramo de supermercados e atacarejos. João é o primeiro dos 17 reeducandos do Projeto Oportunidade, que alcançou o mérito e conquistou a vaga por se destacar no processo seletivo realizado para a vaga.

E ele já está cheio de planos. “Para mim é uma mudança de vida. Vou dar valor à oportunidade. Vou abraçar esse trabalho com as duas mãos. Para mim é um recomeço”, afirmou, lembrando que tem muito apoio da esposa e que daqui para frente dedicará tudo à família. “A última vez que tive uma carteira assinada foi em 2004, depois disso, em 2010 fui preso por tráfico e agora finalmente estou livre. Vida nova”.
 
Segundo a coordenadora de Projetos Sociais do Grupo, Anna Luiza de Fátima Borges Corbelino, o reeducando se sobressaiu e conquistou a vaga. Todos gostaram do perfil dele e como ele já cumpriu sua pena, alcançou o livramento, concorreu com todos os candidatos ao posto de trabalho.

O Projeto Oportunidade, do Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul, é realizado por meio de uma parceria entre a 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, o Conselho da Comunidade e o Grupo Pereira. O projeto é novo e visa a contratação de reeducandos do presídio da Gameleira. Esses reeducandos selecionados passam por um treinamento de 45 dias em diversas áreas da rede. Todos recebem um salário, via parceria, por meio do Conselho da Comunidade.
 
Intitulado de "Oportunidade", o projeto, que tem o apoio do presidente do Tribunal de Justiça, Des. Paschoal Carmello Leandro, foi desenhado com cuidado pelo juiz Albino Coimbra Neto, o secretário Executivo do Conselho da Comunidade, Nereu Alves Rios, e a equipe da Anna Luiza, do Grupo Pereira, sempre pensando em atender todos os requisitos necessários, principalmente na necessidade de reintegrar os presos na sociedade.

O projeto "Oportunidade" visa empregar e capacitar os reeducandos. Num primeiro momento, o grupo de oito presos foi direcionado às unidades que oferecem treinamento, as chamadas lojas "formadoras". Lá eles são capacitados para atuar em setores como depósito, manutenção, cozinha etc e posteriormente são encaminhados para os locais onde há necessidade de pessoal.

Para a inserção na unidade, Anna Luiza destaca que a rede fez um trabalho junto aos funcionários para que não houvesse discriminação. Todos os reeducandos recebem seus uniformes e têm oportunidade de aprender tudo nas lojas. Para chegar até esse curso eles já passaram por uma seleção na Gameleira e no Conselho da Comunidade e, no geral, são pessoas que abraçam as oportunidades. “Estamos muito satisfeitos com a ascensão de João Carlos ao posto de funcionário registrado, por seus próprios méritos”, reforça Anna.
 
O futuro – O objetivo do projeto é aumentar o número de vagas. O primeiro grupo iniciou as atividades no último dia 27 de maio. Eles trabalham de segunda a sábado. A empresa oferece transporte fretado, café da manhã e almoço. Cada reeducando contratado recebe um salário mínimo de R$ 998,00, sendo que deste percentual é descontado 10%, de acordo com portaria editada pela 2ª VEP.
 
A iniciativa traz benefícios a todos os envolvidos: se de um lado o reeducando tem a oportunidade de se ressocializar e aprender um novo ofício, de outro a empresa contribui com seu papel social, além de usufruir dos benefícios legais com a contratação da mão de obra prisional. Isto sem mencionar os benefícios para a sociedade, a qual passa a conviver com um futuro egresso do sistema penal com maior probabilidade de se tornar um membro produtivo, com menos chances de reincidir criminalmente.
 
Antes desse projeto – O presidente do Grupo Pereira, Beto Pereira, acredita que “para combater a criminalidade é necessário tirar as pessoas da disponibilidade do crime”. Assim, antes do Projeto "Oportunidade", que inclui capacitação, o primeiro passo foi dado ainda em 2014 com a contratação de presos para o Bate Forte, um dos negócios do Grupo. “Ao longo desses cinco anos mais de 100 reeducandos trabalharam conosco”, afirma o presidente. “Observamos o quanto essa proposta é possível e como podemos enquanto sociedade fazer a diferença, colaborando para a ressocialização destes internos, que a partir desta iniciativa podem: recuperar sua autoestima, aprender uma qualificação profissional para se inserir novamente no mercado de trabalho ao término da pena, além de auxiliar financeiramente seus familiares com o salário recebido”.

“Estamos engajados neste projeto e queremos contribuir com nossa experiência para que outras empresas possam aderir a esta iniciativa e replicar em outros Estados”, finalizou o presidente do grupo.

Mais - Com mais este projeto, Mato Grosso do Sul se destaca como um Estado que tornou eficiente o sistema semiaberto, que proporciona oportunidade para o reeducando trabalhar, aprender e se reinserir na sociedade, atendendo os objetivos do sistema penitenciário semiaberto.

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