18/03/2020 às 11h11min - Atualizada em 18/03/2020 às 11h11min

Dólar bate R$ 5,20 pela primeira vez na história

O dólar tinha alta acentuada na manhã desta quarta-feira (18), tendo como pano de fundo o aumento do número de casos de coronavírus fora da China, que tem provocado forte aversão à risco no mercado. Às 11h50, o dólar comercial subia 1,8% e era vendido a 5,090 reais. Já o dólar turismo, usado por viajantes, se apreciava 1,34%, a 5,28 reais. Na véspera, o dólar comercial à vista caiu 0,88%, a 5,002 reais na venda.

Mais cedo, a moeda chegou a ser negociada por 5,205 reais na máxima – batendo novo recorde intradiário. No entanto, a alta foi reduzida após o Banco Central ofertar 1 bilhão de dólares no mercado de câmbio à vista. Logo após da abertura, a autarquia havia ofertado 2 bilhões de dólares em leilão de linha com compromisso de recompra. A medida, no enanto, teve pouco efeito sobre o câmbio e o dólar voltou a ter forte apreciação.PUBLICIDADENo ano, o real é uma das moedas que mais acumulam desvalorização frente ao dólar, superando o peso mexicano e o argentino. Desde o início de janeiro, o dólar subiu mais de 25% em relação ao real. Segundo Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais, a moeda brasileira sofre mais por ter maior liquidez entre as divisas emergentes.

“O dólar virou ativo de proteção”, afirmou Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante Investimentos. Segundo ele, o real deve continuar pressionado por, pelo menos, mais um mês. “Depende de como o Brasil vai se comportar em relação ao coronavírus.”

No radar dos investidores, também está a reunião do Comitê de Políticas Monetárias (Copom), que vai definir, às 18h de hoje, a taxa básica de juros Selic que irá vigorar até maio. Diferentemente dos últimos encontros, há muitas dúvidas no mercado sobre qual vai ser a decisão do encontro.

A expectativa é a de que o Banco Central promova mais um corte para se alinhar às políticas monetárias que vem sendo tomadas mundo afora para conter os impactos do coronavírus na economia, mas pouco se sabe sobre a intensidade do corte. No mercado, as opiniões variam entre uma redução de 0,25 ponto percentual e de 1 ponto percentual.

Caso opte por um corte mais agressivo, o dólar deve ser ainda mais pressionado, já que os títulos públicos devem ficar ainda menos atrativos para os investidores estrangeiros. No entanto, Bandeira acredita que a política monetária tenha pouco efeito sobre a economia. “Não muda muita coisa. Neste momento, as políticas fiscaisi seriam mais eficazes, mas o Brasil não tem muito espaço para isso”, disse o economista.


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