28/04/2021 às 11h36min - Atualizada em 28/04/2021 às 11h36min

Em Dourados, adolescente mentiu sobre estupro praticado por motorista de aplicativo

Homem de 42 anos foi autuado em flagrante e passou três dias preso injustamente - CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS

- Campo Grande News

A adolescente de 15 anos que acusou motorista de aplicativo de tê-la estuprado durante uma corrida em Dourados (a 233 km de Campo Grande) mentiu para a polícia. O homem de 42 anos foi preso em flagrante por policiais da Delegacia da Mulher e passou três dias na cadeia por causa da denúncia falsa feita pela menina.

O caso foi detalhado em entrevista coletiva nesta quarta-feira (28), na DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher), onde o homem tinha sido autuado em flagrante na sexta-feira (23) antes de ser levado para uma cela na 1ª Delegacia de Polícia. Ele só foi solto segunda-feira à noite após a Justiça conceder liberdade provisória.

A adolescente tinha relatado que chamou o transporte por aplicativo para ir até a escola. Durante o trajeto, ela afirmou ter percebido que o motorista olhava o tempo todo para trás. Em determinado momento, ele teria parado o carro e começado a se masturbar na frente dela.

A menina disse que gritou, tentou descer do carro, mas não conseguiu fugir. Ela ainda contou que o homem chegou a ejacular no tênis dela e só depois conseguiu abrir a porta do carro e correr.

Na segunda-feira, quando o homem foi solto, o advogado dele, Marcelo Cândido de Paula, já tinha dito que não existia prova do suposto estupro. “As provas são muito frágeis, na verdade ele foi preso somente por conta da palavra da vítima, não tem nenhuma prova que coloque ele como autor do crime”.

Inocente - “Houve a comprovação que ele é inocente”, afirmou a delegada titular da DAM, Paula Ribeiro. “Embora todos os nossos casos sejam sigilosos, estamos fazendo justiça para o rapaz que foi acusado de um crime que não cometeu”, completou a delegada.

A delegada Stella Paris, que fez o flagrante, também participou da entrevista coletiva. Ela contou que na sexta-feira à tarde a adolescente e a mãe foram até a delegacia e a menina denunciou o suposto estupro durante a corrida.

A adolescente ainda apresentou o tênis que estaria sendo usado por ela e mostrou mensagens que trocou com o namorado – primeira pessoa para quem ela teria relatado o suposto estupro.

Stella Paris explicou que acionou as equipes para localizar o acusado diante da “relevância” da denúncia feita pela suposta vítima e principalmente por envolver violência sexual, “que muitas vezes não tem testemunha”. Levado para a DAM, ele foi autuado em flagrante por estupro. Desde o princípio, o motorista afirmou ser inocente.

Na segunda-feira, o caso voltou para a Delegacia da Mulher, para continuidade das investigações. Acompanhados da adolescente, os policiais refizeram o trajeto da suposta corrida. Imagens de câmeras de segurança não comprovaram a história.

A delegada Paula Ribeiro informou que devido à gravidade e da repercussão do caso, acionou a psicóloga Regina Célia, especialista em atuar em casos de violência sexual. Ela presta serviço na delegacia através de parceria com o Ministério Público, mas está de licença-maternidade.

Durante conversa com a especialista, a adolescente admitiu que havia mentido. Segundo a delegada Paula Ribeiro, a investigação e a perícia comprovaram também que não houve o crime.

Entre as provas da mentira está a alegação da menina de que ela não conseguiu abrir a porta traseira do carro, que teria sido travada pelo motorista. Segundo a delegada, a perícia comprovou que naquele modelo de carro é impossível impedir que as portas sejam abertas por dentro.

Devido ao fato de a autora da falsa denúncia ser menor de 18 anos, a polícia não vai divulgar o motivo que teria levado a adolescente a mentir para incriminar o motorista, que é casado. Outro fato preocupante é que o homem está sendo vítima de ameaças, principalmente através de redes sociais. A polícia vai investigar os autores dessas ameaças.

A adolescente vai responder por ato infracional análogo ao crime de denunciação caluniosa. O crime em si prevê pena de até oito anos de prisão, mas como a autora é menor de 18 anos, ela não ficará detida, mas vai responder pela infração. Paula Ribeiro disse que a família foi informada sobre o motivo da falsa denúncia, para que a adolescente receba “a ajuda necessária”.


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