21/07/2021 às 07h03min - Atualizada em 21/07/2021 às 07h03min

Fracasso no online, Ministro pede retorno das aulas presenciais "urgente"

Sem política de retorno, Ribeiro não sabe nem quantos alunos já voltaram e errou em diversas ações no MEC; relembre

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, faz pronunciamento em rede nacional sobre volta às aulas presenciais - Reprodução/TV Brasil

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, quer o retorno imediato às aulas presenciais no Brasil, ainda que a população não esteja consideravelmente imunizada. Hoje (20.jul) ele fez um pronunciamento nacional no rádio e na TV.

— Não podemos mais adiar este momento. O retorno às aulas presenciais é uma necessidade urgente  —   apelou. 

Milton Ribeiro ressaltou, porém, que a decisão é uma atribuição de gestores em estados e municípios como diz a Lei. O ministro prometeu prestar auxílio e "garantir" que as escolas possam funcionar com "segurança".

Imediatamente, as redes sociais se manifestaram, majoritariamente, de forma contrária às palavras do pastor. 

“Depois de abandonar a educação brasileira e não fazer nada pra apoiar as secretarias de educação durante a pandemia, Bolsonaro tem a cara de pau de colocar o ministro da educação na TV para falar em volta às aulas…”, tuitou Guilherme Boulos (PSOL-SP).

“Teve pronunciamento do ministro da educação hoje na tv… Assim como os outros ministros esse é um zero à esquerda que só serve pra propagar a ideologia desse governo de miliciano Ministro da saúde que odeia a saúde, da educação q odeia educação, do meio ambiente q odeia…”, postou o músico Marcelo D2.

De acordo com Olavo Nogueira Filho, diretor-executivo do Todos Pela Educação, é importante que o MEC dê senso de urgência na reabertura das escolas, mas que é uma “brutal hipocrisia” colocar toda a culpa apenas em estados e municípios.

— O MEC não articulou ações para o ensino remoto, como muitos países que ele citou fez, não elencou parâmetros nacionais para orientar estados e municípios a decidirem ou não pelo retorno presencial e nem garantiu apoio técnico, especialmente para os locais mais pobres do país, para que a gente tivesse uma resposta à crise menos desigual — aponta Nogueira Filho.

CONTRADITÓRIO - O ministro defendeu que o MEC fez investimentos para apoiar as redes e defendeu que o uso de álcool em gel, utilização de máscara e distanciamento social são medidas que o mundo está utilizando com sucesso. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é opositor de medidas de distanciamento social e já criticou o uso de máscaras.

Para Ribeiro, não é viável esperar a vacinação de todos os profissionais da educação. "A vacinação de toda comunidade escolar não pode ser condição para reabertura das escolas", disse.

Desde que chegou ao cargo, há um ano, Ribeiro defende o retorno às aulas presenciais. A posição tem sido reforçada pelo ministro nos últimos dias.

'ESTEPE FURADO'- Escolhido para acalmar os ânimos no Ministério da Educação após as confusões provocadas por Abraham Weintraub, o pastor Milton Ribeiro completou um ano no cargo, no sábado (10.jul.21), com uma gestão marcada por polêmicas, ineficiência e reforço em questões ideológicas que levaram a dispensa do seu antecessor.

A administração do terceiro ministro da Educação de Jair Bolsonaro acumula erros em transferências de recursos e até suspeita de atuar a favor de um grupo educacional religioso. O período ainda é marcado por redução de orçamento e pela ausência de medidas para enfrentar os reflexos da pandemia na educação básica.

Secretários e especialistas cobram desde o ano passado por uma coordenação federal para garantir, entre outras coisas, conectividade para alunos e plataformas educacionais. O governo Bolsonarista, no entanto, fracassou miseravelmente.  

O Congresso precisou derrubar o veto de Bolsonaro a uma lei aprovada que prevê a garantia de internet para estudantes. A única iniciativa efetiva do MEC na educação básica foi o incremento, a partir de outubro, de cerca de R$ 600 milhões no programa que envia dinheiro para as escolas. (Folha)

Em audiência no Senado em 1º de julho de 2021, Ribeiro voltou a defender a volta das aulas presenciais, mas admitiu que o MEC nem sequer tem um mapeamento de quantos alunos já voltaram.


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