18/10/2021 às 07h32min - Atualizada em 18/10/2021 às 07h32min

Terrinha se divide, e bem, entre a carreira de oficial de justiça e anfitrião em Ivinhema

Filho caçula de pai cearense, que fixou moradia em Ivinhema na década de 1960

- TJ

Filho caçula de pai cearense, que fixou moradia em Ivinhema na década de 1960, Antônio Carlos Feliciano Terrinha da Silva, o "Terrinha", conta que a alcunha veio por conta do pai, chamado de "Terra Seca". Ele foi o único dos irmãos que permaneceu no município e a denominação de infância foi ficando, até que ao ingressar no Poder Judiciário estadual soube da possibilidade de incluí-lo em seu registro civil. Processo concluído, o apelido foi devidamente averbado em sua certidão de nascimento, em Presidente Prudente, sua cidade natal.

Dos atuais 65 anos de idade, são 39 deles atuando na comarca de Ivinhema, onde ingressou como contratado para o cargo de avaliador judicial e depositário em 1982, ou seja, um ano após a instalação da circunscrição. No ano seguinte, passou no concurso para o mesmo cargo que, em 2000, foi transformado em oficial de justiça e avaliador, função que desempenha até hoje.

“Uma vez fui intimar uma senhora que estava escutando o rádio num volume tão alto que não me ouvia chamá-la de jeito nenhum. Eu percebi que havia gente em casa, mas que não iria me ouvir. Foi então que eu decidi ir até o padrão de energia elétrica e desligá-lo. Enfim, com o silêncio reinando, ela veio me atender. Eu tive que confessar minha ação, mas no fim deu tudo certo. Consegui concluir meu trabalho e ela deu risada”, recorda Terrinha sobre um de seus momentos marcantes na carreira.

Pai de quatro filhos e atualmente divorciado, ele mora com o caçula de 22 anos numa chácara, pertinho da cidade. A propriedade foi adquirida no ano de 2013 e, aos poucos, foi se transformando num recanto de morar e se divertir. Ali foi criado o barracão, xodó de Terrinha que tem planos de fazer desse um espaço para eventos.

Batizada de Chácara Santo Antônio, Terrinha elaborou uma marca própria e foi personalizando cada cantinho do seu barracão com ela, como as mesas redondas que ganharam um tampão de vidro com uma arte que, além da logo ao centro, contém diversas fotos dos encontros em família e com os amigos.

Personalizou também sua chopeira, adaptada a partir de um freezer vertical que recebeu adesivagem e, na porta, foram instaladas torneirinhas, enquanto o barril de chope permanece geladinho lá dentro. E assim por diante: “Encontrei um local em Santa Catarina onde personalizei toalha, copo, prato, guardanapo, tudo. A cristaleira antiga deve ter mais de 100 anos, adquiri de uma senhora e foram uns três anos de negociação até convencê-la a me vender. A viola de cocho pedi a meu irmão para trazer de Cuiabá. Apesar de não ser natural de Mato Grosso do Sul, considero que esse é o meu Estado. Cheguei aqui aos 6 anos de idade e gosto de valorizar a cultura de onde vivo. A foto na parede é de meu pai, no caminhão, em 1964. Ele era motorista da Someco que colonizou a região”.

Aos poucos, o barracão foi ficando “ajeitado”, como define o dono. Mas daí, quando o espaço foi concluído, ficou tudo tão do seu agrado que ele não teve coragem de alugar, como revela: “tenho ciúmes, então, quando alguém me pede, eu empresto, mas não alugo”.

E assim, seu barracão exclusivo de eventos foi se transformando no espaço para as confraternizações de final de ano da família, de feijoadas com os amigos, entre tantos outros encontros.

Curiosamente, nas paredes do barracão prateleiras organizam uma variedade de cachaças. “Cada amigo que vem me visitar me traz uma garrafa de pinga. E a coleção começou quando recebi, há uns três anos, o Desembargador Vladimir Abreu da Silva, que o conheço desde os tempos em que era advogado em Ivinhema. Ele chegou com uma sacola cheia de pinga e, desde então, a coleção só aumenta”, se diverte.

Mas os momentos de lazer e descanso no barracão se limitam aos domingos. Ativo como oficial de justiça, ele cumpre sua rotina de trabalho até aos sábados e não pensa na aposentadoria.


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