26/11/2021 às 10h38min - Atualizada em 26/11/2021 às 10h38min

Campo Grande cancela festa de Ano-Novo e Carnaval é incerto

Prefeito garantiu que festa da virada do ano não será feita na Capital e que folia de 2022 “respeitará ciência”

FOLIA. Em 2020, o Carnaval foi realizado na Capital porque ainda não havia casos da doença na cidade

Campo Grande não terá comemorações públicas de Ano-Novo, segundo o prefeito da Capital, Marcos Trad (PSD), em entrevista ao Correio do Estado. 

O gestor também afirmou que ainda não há definição sobre a realização do Carnaval, entretanto, “segue pelo mesmo caminho”, disse o gestor, insinuando que a folia também pode não acontecer.

A decisão é diferente da que o governo do Estado indicou ontem, quando o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) afirmou que, inclusive, destinará verba para as escolas de samba de Mato Grosso do Sul.

“Está sendo projetado para ter o Carnaval aqui no Estado. Agora mesmo, no fim de semana, vai ter um apoio às ligas e às escolas de samba, porque não se pode deixar para transferir os recursos na época do Carnaval, porque encarece muito". 

"Neste sábado, haverá um grande lançamento de recursos estaduais para fortalecer ligas, blocos e escolas de samba, e acredito que se a consciência de todos levar aquele que não vacinou a se vacinar, com muita tranquila, poderemos voltar à vida normal, inclusive podendo ter o Carnaval no ano que vem”, afirmou Azambuja durante a manhã de ontem.

Trad, entretanto, afirmou que nenhuma decisão foi tomada na Capital sobre a realização do evento. 

“Ainda estamos decidindo, todavia devemos acompanhar a ciência e analisar se haverá Carnaval. Mas Campo Grande deve divergir do Estado, estamos caminhando para isso. O Réveillon não vai ter, seria uma afronta à ciência e um desrespeito à cidade”, declarou o prefeito à reportagem.

Com essa indicação, Campo Grande deve seguir cerca de 70 cidades do interior de São Paulo, estado com o maior número de pessoas imunizadas do País, que já informaram sobre a não realização da folia em 2022.

No caso do Réveillon, algumas capitais brasileiras ainda estão definindo sobre a comemoração. A prefeitura de Salvador espera definir o assunto nesta semana e o mesmo vale para Recife e Fortaleza. 

Em Belo Horizonte, o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 desaconselhou a realização do evento, enquanto a prefeitura de Florianópolis já lançou o Verão da Virada 2022, que inclui a festa com queima de fogos.

Em São Paulo e no Rio de Janeiro, entretanto, a festa já é planejada pelas prefeituras. Na capital paulista, a queima de fogos deve ocorrer na Avenida Paulista, enquanto que na cidade carioca o tradicional festejo acontece na orla de Copacabana, como em todos os anos.

Na virada de 2020 para 2021, a festa não foi realizada nessas capitais brasileira por conta do avanço da Covid-19, entretanto, muitas hoje já planejam as festas em virtude da cobertura vacinal contra a doença. Já que a vacinação no Brasil foi iniciada no dia 18 de janeiro deste ano.

ESPECIALISTA

Para o médico infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda, a realização desses eventos com uma cobertura vacinal considerada não ideal pode resultar em um aumento da circulação viral e, consequentemente, um aumento de internações e mortes pela doença.

“Já estamos com um incremento de casos no Estado, só não temos incremento de óbitos, mas com a organização de um evento em massa corremos o risco de que esses números se elevem, porque a vacina não protege 100% contra a contaminação”, analisa o especialista, que também é professor na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

Atualmente, Campo Grande tem 67,5% da população com as duas doses de imunizantes ou dose única contra a doença, enquanto que com a primeira aplicação são 72,8%. 

Em todo o Estado, porém, a cobertura vacinal é maior, chegando a 70,4% com a imunização completa e 80,1% com uma dose das vacinas.

Segundo Croda, para se chegar a um patamar de maior tranquilidade em relação à doença, o porcentual a ser perseguido é de 80% da população geral com o esquema vacinal completo, ou seja, as duas doses ou a dose única.

O prefeito afirmou que um dos motivos para a Capital recuar na realização desses eventos de aglomeração em massa é a cobertura vacinal e a estagnação no avança dela.

“Além disso [cobertura ainda inferior ao necessário], temos quase 60 mil pessoas que não retornaram para a segunda dose, além disso, nós vamos ter a volta de 100% das aulas presenciais, e se não fizermos uma transição com segurança e principalmente observando a ciência vamos jogar todo o trabalho feito até agora a perder”, declarou Marquinhos.


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