11/12/2021 às 06h34min - Atualizada em 11/12/2021 às 06h34min

Ramal ferroviário que vai ligar Maracaju a Dourados deve alterar perfil logístico, estimular a economia e o surgimento de novas oportunidades

Construção de ramal ligando as duas cidades sul-mato-grossenses demandará um investimento de R$ 1,2 bilhão

A assinatura pelo governo federal de contrato com grupo empresarial para a construção do novo ramal ferroviário de Maracaju a Dourados deve promover uma mudança no perfil logístico da cidade e de toda a região, contribuindo para crescimento da sua economia e abertura de novas oportunidades.

A assinatura foi possível, pois o governo editou, em agosto, uma medida provisória que permite a construção e a operação de ferrovias por meio de autorização, sem a necessidade de licitação.

Dentro do programa “Pró-Trilhos”, o Ministério dos Transportes assinou contratos para a construção e operação de nove ramais ferroviários, entre eles o que vai ligar Maracaju a Dourados, em uma linha de 76 quilômetros de extensão, pela Ferroeste (Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A/Ferroeste), em um investimento de R$ 1,2 bilhão.

A empresa responsável por construir e colocar o ramal para funcionar terá um prazo de um ano para concluir a obra. Este ramal será importante ao Estado, pois liga Maracaju, que é o principal produtor de grãos do Mato Grosso do Sul, com Dourados, que dispõe de usinas que podem absorver uma parte desta produção de soja e milho.

As autorizações dos novos ramais foram assinadas na quinta-feira (9), com seis empresas que executarão as obras em diferentes estados, incluindo Mato Grosso do Sul. Os investimentos e ampliação da malha ferroviária seguem as normas do novo “Marco Legal da Ferrovias”, que visam estimular o crescimento do setor em parceria com a iniciativa privada. 

“O novo ramal é a sequência da Ferroeste, que faz parte daquele programa que iremos levar até o Porto de Paranaguá. Isto vai mudar o perfil logístico de Maracaju, dar mais competitividade. Também se trata de uma conexão com a Malha Oeste, que é a ferrovia Ponta Porã, Maracaju, Campo Grande, Bauru, Corumbá”, destacou o governador Reinaldo Azambuja (PSDB).

Dourados

Beneficiada diretamente pelo ramal, a cidade de Dourados, distante a 201km de Campo Grande, projeta benefícios econômicos, com aumento da arrecadação e novos investimento para a região com a ferrovia.

“A gente ainda não tem números precisos em relação a arrecadação municipal, mas temos a expectativa da instalação de novos empreendimentos logísticos, que trarão benefícios econômicos para a cidade, além de oportunidade de empregos e negócios”, afirma Henrique Sartori, secretário de governo e gestão estratégica do município.

Nova Ferroeste

Também segue em tratativa o projeto da “Nova Ferroeste”, que pretende ligar Maracaju a Cascavel (PR). A expectativa é que o leilão de concessão do trecho para iniciativa privada ocorra no segundo trimestre de 2022, na Bolsa de Valores de São Paulo. A proposta está sendo preparado pelo governo do Mato Grosso do Sul e Paraná.

Para dar celeridade ao projeto, no dia 24 de novembro os governadores Reinaldo Azambuja e Ratinho Júnior (Paraná) entregaram o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e também do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) no Ibama. Aproveitaram a oportunidade para pedir celeridade na liberação da licença ambiental prévia do empreendimento.

“Passando por oito municípios sul-mato-grossenses, o projeto da Nova Ferroeste é estratégico para nós sob o ponto de vista da logística e também da competitividade. No futuro, com a viabilização da ferrovia, o nosso Estado vai diminuir a exportação de commodities e ampliar a exportação principalmente de proteína animal”, destacou Reinaldo Azambuja.

A Nova Ferroeste terá investimento privado, em uma extensão total de 1.304 quilômetros, ligando Cascavel a Maracaju.Os trilhos dessa nova malha ferroviária deverão ser, em princípio, de bitola mista (estreita e larga), vão entrar em Mato Grosso do Sul pelo município de Mundo Novo e seguirão pelo Estado passando por Eldorado, Iguatemi, Amambai, Caarapó, Dourados e Itaporã, até chegarem a Maracaju.

No Paraná, o projeto ainda engloba um novo traçado entre Guarapuava e Paranaguá; um ramal multimodal ligando Cascavel e Foz do Iguaçu; além da revitalização do atual trecho da Ferroeste, entre Cascavel e Guarapuava.

A previsão, de acordo com a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), é de que a Nova Ferroeste, inicie suas operações com o transporte de 38 milhões de toneladas de produtos.

“A expectativa é aumentar a circulação de mercadorias e serviços. É uma grande oportunidade do município para prospectar novos negócios. Dourados também terá um terminal intermodal e o traçado beneficia muito a logística de escoamento da produção, principalmente de grãos e carnes processadas”, explica Sartori, que aponta a geração de emprego como outro ganho para o município.

Para o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), André Dobashi, além de tornar a logística dos grãos mais ágil e dinâmica, a ferrovia diminuirá de forma significativa os custos com o frete até o porto de Paranaguá.

“Somamos ainda aos benefícios o menor impacto ambiental, uma vez que o trem emite menos gases e tem uma capacidade infinitamente superior de carga. Isso vai de encontro com o objetivo do Estado e dos próprios agricultores, de tornar Mato Grosso do Sul um estado neutro, quanto às emissões de gases do efeito estufa”, ressalta.

Em nota, a Federação da Agricultura e Pecuária Mato Grosso do Sul celebrou o contrato e a mudança de traçado da malha Sul no Paraná, que reduzirá o tempo de viagem até o porto de Paranaguá.

“As obras a serem realizadas e a estimativa de redução no custo com o frete, bem como no tempo de viagem, podem aumentar a competitividade dos nossos produtos no mercado internacional, favorecendo as exportações, a rentabilidade das atividades, impulsionando o desenvolvimento do estado”, pontua.

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