02/03/2022 às 07h52min - Atualizada em 02/03/2022 às 07h52min

Fábrica russa em MS é ameaçada

Russos compraram indústria de fertilizantes de Três Lagoas em fevereiro

Fábrica russa está sendo preparada para iniciar atividades em MS - (Foto: Divulgação)
O governo federal teme que as sanções econômicas impostas à Rússia atinjam a empresa Acron e impeçam que entre em funcionamento uma fábrica de fertilizantes russa em Três Lagoas, segundo revelaram fontes do governo ouvidas nesta terça-feira (1) pelo blog da Ana Flor, do portal G1. A Acron comprou a fábrica da Petrobras em fevereiro deste ano.

As sanções econômicas à Rússia foram impostas pelos Estados Unidos, pelo Reino Unido e pela União Europeia após o início da guerra na Ucrânia. Entre as medidas estabelecidas, está a retirada dos principais bancos do país do sistema Swift, serviço global de telecomunicações entre instituições financeiras no mundo.Nesta terça-feira, também, o governo brasileiro foi alertado que a venda de fertilizantes de Belarus — país aliado da Rússia — ao Brasil foi suspensa. A causa seria a proibição de escoamento do produto via a Lituânia. O temor é que a proibição sobre a exportação do produto se expanda.

A fábrica foi adquirida pelo grupo russo em fevereiro, quando os alertas da comunidade internacional eram de um ataque iminente da Ucrânia pelas forças russas, que já estavam mobilizadas nas fronteiras do país, agora invadido. O fechamento do negócio no Brasil demonstra que as autoridades brasileiras não acreditavam no acirramento da situação no Leste Europeu.

O negócio foi chancelado pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que viu na compra uma forma de abastecer o Mato Grosso do Sul, estado dele, com fertilizantes, em uma região que é o coração do agronegócio brasileiro. O complexo adquirido pelo grupo russo pertencia à Petrobras, que o colocou à venda em 2019, no plano de desinvestimento da empresa, por considerar a produção de fertilizantes no local cara. A fábrica tem condições de entrar em funcionamento nos próximos meses.

Gás natural

Os russos irão utilizar o gás da Bolívia para produção dos fertilizantes. O negócio faz sentido porque outra empresa russa, a Gazprom, que é a maior produtora de gás no mundo, controla a exploração de gás natural na Bolívia. O gasoduto Brasil-Bolívia fica próximo da fábrica de Três Lagoas.

Segundo especialistas ouvidos pelo blog, a energia que dá mais eficiência na produção de fertilizantes é o gás natural, que é abundante no Brasil, mas de cara exploração pela falta de infraestrutura. Duas outras plantas de produção de fertilizantes, em Sergipe e na Bahia, foram arrendadas pela Petrobras pelo mesmo motivo – custo mais alto de produção em relação à importação do produto final da Rússia.

O Brasil importa metade do gás natural que utiliza, quase todo da Bolívia. Até mesmo o gás que é expelido na exploração de petróleo é reinjetado no solo. O custo alto se dá pela falta de infraestrutura, já que não há canos para escoamento suficientes.

 
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