03/03/2022 às 08h50min - Atualizada em 03/03/2022 às 08h50min

Memória Fatimassulense: Blue Star durante festival em Fátima do Sul em 1970

Os anos 60 e 70 ficaram gravados na memória da juventude em Dourados e na região, numa época romântica de sonhos e esperanças

- O PROGRESSO

No final dos anos 60 e início dos anos 70, foram realizados vários festivais e shows de calouros em Dourados e região, o que era importante para a revelação de novos talentos musicais. Muitos desses eventos (festivais e shows de calouros), no entanto, contavam com a participação especial de cantores que faziam sucesso naquela época. Eles davam uma “canja”. A foto em anexo, por exemplo, registrou uma apresentação de Getúlio Lima Teixeira, acompanhado pelo conjunto Blue Star, em Fátima do Sul, enquanto que o também cantor, Victor Wagner Conde, conversava com componentes da mesa julgadora.

O Blue Star, na época, era formado pelo baixista Antonio Ibra (ele está atrás de Getulio); pelo baterista Sérgio Marambaia (que não aparece na foto). À direita de Getúlio: Luizinho (guitarra-base), Quati (guitarra-solo) e Flávio Bugrão (teclados).

Getulio disse que essa foto foi clicada durante a realização do I Festival da Canção de Fátima do Sul, que aconteceu no Cine Estrela, em outubro de 1970.

Esse festival foi apresentado pelo cantor Victor Wagner Conde, que era o ídolo da época. Getúlio Lima Teixeira participou do evento como convidado especial.

Getulio Lima Teixeira
Em julho de 1971, Getulio Lima Teixeira venceu o 4º Festival da Canção de Dourados, realizado nas dependências do Cine Ouro Verde. O evento foi apresentado por Isaac Duarte de Barros Júnior e Anneliese Alcoba.

Getulio interpretou a música “Razão para não chorar”, de sua autoria, com participação vocal dos saudosos Silvio Marra, Loide Nascimento e Moacir Stein Arruda.

Getúlio também participou do antológico disco “Os Melhores da Música Jovem Matogrossense”, lançado em 1971, pelo selo Soncine, da Gravadora Califórnia.

Em Dourados, Getúlio trabalhou no Cartório do 1º Ofício e escreveu a coluna “Jovens Pra Frente”, no O Progresso, quando o jornal era bisemanário: circulava quarta-feira e sábado. Getúlio Teixeira é advogado e reside em Porto Alegre desde quando saiu de Dourados - logo após vencer o festival – para estudar na capital do Rio Grande do Sul.

Getúlio é proprietário da Vinícola Finca Tuíra, em Viamão (RS), onde produz vinhos de excelentes qualidades.

Victor Wagner Conde
Victor Wagner Conde, que morreu em acidente de moto no interior paulista no final da década de 70, foi considerado um músico muito avançado naquela época em Dourados. Wagner participou do LP “Os Melhores da Música Jovem Matogrossense”, com duas canções. Depois, ele lançou três compactos e um dos discos alcançou rapidamente a vendagem de 1.500 cópias, o que foi considerado um grande sucesso. Com a grana, ele comprou uma motocicleta incrementada, com a qual sofreu um acidente, vindo a falecer.

A idéia da gravação do antológico LP foi dele e ocorreu no 3º Festival realizado no Cine Ouro Verde, sendo que os primeiros classificados ganharam o direito de participar do disco. Wagner levou a fita na Continental e Walter Negrão deu a aprovação e logo o elepê foi gravado.

Wagner, que tinha uma espécie de estúdio em sua casa na Rua João Cândido da Câmara, ficou como representante da Continental em Dourados, através da Soncine Gravações e Cinegrafia.

Aliás, no mesmo endereço, funcionava uma escola de música de Victor Wagner Conde. Ele e o maestro Paschoal Maiz davam aula de violão, guitarra, trombone de vara, bateria, acordeon, contrabaixo, pistão, violino dentre outros instrumentos.

Blue Star
O conjunto Blue Star, de Fátima do Sul, fez sucesso em Dourados e região, principalmente nos anos 70, já que era muito requisitado para animar bailes.

O Blue Star foi fundado em 1962, pelo comerciário Divany Thomaz Duarte, com apoio dos empresários Antenor Ferreira Batista e Artur Valezzi, conforme informou Antonio Alves dos Santos, o Ibra, que seis anos mais tarde, em 1968, entraria na banda. De início, o grupo era formado por Divany (cantor e violonista), mais um acordeonista e um ritmista (pandeiro). Tinha por finalidade animar serenatas, festinhas e encontros de amigos.

Posteriormente, Divany convidou alguns amigos, para formarem um grupo de baile. Para isso, com o apoio (aval financeiro) de Artur Valezzi, adquiriu os primeiros instrumentos eletrônicos, com os quais, o grupo iniciou sua carreira profissional, formado então com: Miro Braga (contrabaixo), Divany (cantor e guitarrista), Zé Abílio (percussão), Zé Araújo (bateria), Flávio ‘Bugrão’ (acordeon, posteriormente teclado) e Dirceu (trombone). Ao longo do tempo, algumas mudanças aconteceram em sua formação, entre elas, por volta de 1964, Zé Araújo foi substituído na bateria por seu irmão Júlio Araújo e foi convidado para guitarrista, Antonio ‘Quati’ (irmão do Flávio ‘Bugrão’).

Em 1966, foram contratados, o baterista Sergio ‘Marambaia’ e o guitarrista Luizinho (ambos do extinto grupo ‘The Condor Boys’, também de Fátima do Sul). Em 1968 entrou para a banda o Antonio ‘Ibra’ (cantor/Sax Alto), que posteriormente assumiu o contrabaixo, com a saída de ‘Miro’ Braga.

Em 1974, foi contratado o cantor Antonio ‘Luciano’ (ex-banda Explosão 2.000), sendo considerado os anos 70 a partir desse período, o auge do conjunto  Blue Star: Divany (cantor), Luciano (cantor), Ibra (cantor/contrabaixo), Sérgio ‘Marambaia’ (bateria), Flávio ‘Bugrão’ (cantor/teclado), Antonio ‘Quati’ (cantor/guitarra) e Luizinho (guitarra/vocal). O Blue Star encerrou suas atividades no dia 31 de dezembro de 1996, com o baile ‘Rèveillon da Saudade’, realizado com enorme sucesso e muita emoção, no Clube Aruá de Fátima do Sul.


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