Onde nascem os fortes estreou no dia 23 de abril, contando uma história de amor, ódio, perdão e vingança. Mais do que isso. Ao longo dos 53 capítulos – o último será exibido hoje à noite – a supersérie da Globo revelou um Brasil desconhecido da maioria dos brasileiros, o sertão. A produção de George Moura e Sergio Goldenberg completa quase três meses no ar, mas todo o processo foi bem mais longo.
Um dos méritos da supersérie, sem dúvida, foi o elenco. Em um time de peso, que conta com Alexandre Nero, Enrique Diaz, Patrícia Pillar, Zé Dumont, a revelação Alice Wegmann, Jesuíta Barbosa, Irandhir Santos, Débora Bloch, entre outros, é difícil apontar dizer quem se sobressaiu. “Na ocasião do lançamento, citei o Fábio Assunção (que interpreta o juiz Ramiro Curió), porque acredito que foi um renascimento para ele como ator. Ele merecia um personagem que mostrasse o grande talento que tem. Mas é injusto escolher destaques. Está todo mundo muito bem, com interpretações viscerais. Mas acho bacana ressaltar a participação dos atores do Nordeste. Tem gente do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, que mostraram que o Brasil é enorme e fascinante.”
TRILHA
Outro ponto alto foi a trilha sonora. As músicas que embalam as cenas são interpretadas por vozes consagradas – Caetano Veloso (Alguém cantando e Todo homem, interpretada ao lado dos filhos e tema de abertura da produção), Geraldo Azevedo (Dia branco), Elba Ramalho (Ave de prata), Gal Costa (Vapor barato) e Jesuíta Barbosa (Mal necessário). E também astros, como Elton John (Your song), Nina Simone (Don’t explain) e The Avener & Phoebe Killdeer (The fade out line). José Luiz Villamarim revela que costuma cuidar de cada canção em todos os seus trabalhos. “A música é o que me move e ela faz parte da história. Tem que analisar o que fica bem com cada personagem, com sua trama. Tem composições de artistas do Nordeste, mas gente de fora do Brasil também. É uma mescla do regional com o contemporâneo.”
O diretor artístico conta que faz questão de colocar as músicas nos ensaios e até das filmagens para que os atores se sintam afetados pela trilha. Villamarim acrescenta que algumas das composições de Onde nascem os fortes não entraram no disco oficial. “O disco tem 15 faixas, não podia ser muito grande, mas nem por isso as músicas que não entraram deixam de ser menos importantes”, pontua. Tem ainda Alice Caymmi, Jards Macalé e Naiara Azevedo.
Mineiro, o diretor fez questão de incluir Milton Nascimento na série. Uma das cenas mais emblemáticas dessa reta final foi a de Ramirinho (Jesuíta Barbosa) libertando os pássaros que o pai criava em cativeiro. Ela simboliza a libertação do próprio personagem, que deixou a casa e o cabresto de Ramiro após anos, mas também carrega um outro significado. Cada passarinho preso representa uma pessoa que o personagem de Fábio Assunção assassinou ou mandou assassinar. É como se a alma de cada um dos mortos finalmente conseguisse alcançar a liberdade. “Bituca estaria presente na trilha desde o começo. Queria encontrar o momento certo e acho que aquela cena casou muito bem com a letra de Os povos, parceria com Márcio Borges (Casa iluminada/ Portão de ferro, cadeado, coração)”, analisa.
TROIA
Agora que Onde nascem os fortes chegou ao fim, José Luiz Villamarim vai tirar alguns dias de descanso para mergulhar de cabeça em seu próximo projeto televisivo, Troia, que marca a estreia da autora Manuela Dias, das minisséries Ligações perigosas (2016) e Justiça (2016), na faixa das 21h. Prevista para chegar à tela da Globo em maio de 2019, o folhetim terá no elenco Taís Araújo, Cauã Reymond, Paolla Oliveira e Regina Casé.