11/12/2014 às 15h40min - Atualizada em 22/05/2015 às 14h56min

Bolsonaro diz que sua palavra é 'arma' e não se arrepende de ofensas

G1

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) disse nesta quinta-feira (11) que não se arrepende das declarações dirigidas à deputada Maria do Rosário (PT-RS) e reiterou o argumento de que estava apenas se defendendo, pois, segundo ele, a parlamentar gaúcha o chamou de estuprador em um episódio ocorrido há 11 anos. Bolsonaro também afirmou que sua palavra é uma "arma" na Câmara e que ele é "uma pessoa que importuna" para chamar a atenção.

"Minha arma aqui na Câmara é minha palavra. Você tem que chamar atenção. Se não chamar, ninguém vai assistir você. Sou uma pessoa que importuno", declarou o parlamentar carioca em entrevista à Rádio Gaúcha. "Vocês vão ver agora quando recebermos o relatório da Comissão Nacional da Verdade, vou fazer o uso da palavra. Vocês vão ver, vão me acusar de tumultuar a sessão. Mas talvez eu seja o único a ter coragem de falar a verdade nessa história", disse Bolsonaro.

Em discurso no plenário da Câmara na última terça-feira (9), Jair Bolsonaro afirmou que só não estupraria Maria do Rosário porque ela "não merece". A deputada respondeu e disse que foi "agredida como mulher, parlamentar e mãe" e prometeu que vai processá-lo.

"A deputada Maria do Rosário fez um pronunciamento calcado em mentiras. Eu só rememorei um fato ocorrido em 11 de novembro de 2003, onde ela me acusou de ser estuprador. Tenho áudio, tenho vídeo. Eu disse que não sou estuprador, mas que não ia estuprar ela porque ela não merece. Aí a 'esquerdalha' saiu me criticando", explicou.

Segundo Bolsonaro, o episódio no qual a deputada o chamou de estuprador ocorreu quando ele estava concedendo entrevista a uma emissora de TV para defender a redução da maioridade penal em casos de estupro. O deputado disse que foi interrompido no meio da entrevista por Maria do Rosário, que começou a argumentar. "Ela defende o estuprador, passou a me chamar de ditador, de estuprador, esses argumentos de esquerdinha", declarou na entrevista.

"Rememorei isso aqui na Câmara e o pessoal saiu me atacando. Se eu tivesse me arrependido eu teria de retirar um projeto de lei de minha autoria onde eu pretendo agravar a pena para estupradores", disse. "Se a posição da Maria do Rosário é contraria à redução da maioridade penal, mesmo em caso de estupro, quem é que defende estupradores então?", questionou.

Bolsonaro ainda aproveitou a entrevista para reafirmar que quer disputar a próxima eleição presidencial. "Pretendo conseguir a legenda para presidente em 2018. Vou ajudar o Brasil e ir para o caminho certo", concluiu.

Maria do Rosário diz que vai processar Bolsonaro Na quarta (10), Maria do Rosário fez um desabafoapós as declarações deBolsonaro. A deputada disse que foi agredida como mulher, parlamentar e mãe e prometeu que vai processá-lo.

“Fui agredida como mulher, como parlamentar, como mãe. Chego em casa e tenho que explicar isso para a minha filha”, afirmou Maria do Rosário também em entrevista à Rádio Gaúcha. “Vou processá-lo criminalmente”, acrescentou a petista, ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos.

Entenda

A polêmica envolvendo o deputado Jair Bolsonaro começou na terça-feira, quando ele reagiu a um discurso da deputada Maria do Rosário contra a ditadura militar, que chamou o período de “vergonha absoluta”. Bolsonaro repetiu ofensa dirigida à mesma deputada em 2003, quando os dois discutiram em um corredor da Câmara.

Bolsonaro, que é militar da reserva, foi à tribuna em seguida. No momento da fala do deputado, Maria do Rosário deixou o plenário. "Fica aí, Maria do Rosário, fica. Há poucos dias, tu me chamou de estuprador, no Salão Verde, e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece. Fica aqui pra ouvir", disse.

Ao discursar, Maria do Rosário tinha afirmado que “homens e mulheres (...) se colocaram de joelhos diante dela [da ditadura] para servirem ao interesse da tortura, da morte, ao interesse de fazer o desaparecimento forçado, o sequestro”.

A ex-ministra criticou também as manifestações de rua que pedem a volta dos militares. Segundo ela, os manifestantes “deveriam ter consciência do escárnio que promovem indo às ruas pedir a ditadura, pedir o autoritarismo e o impeachment. Ora, figuras de linguagem desvalidas porque colocadas no pior lixo da história”.

Jair Bolsonaro disse que, para ele, a data é o “Dia Internacional da Vagabundagem”. “Os direitos humanos no Brasil só defendem bandidos, estupradores, marginais, sequestradores e até corruptos”, declarou. E acrescentou ataques à presidente Dilma Rousseff.

 

 

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