08/04/2015 às 13h45min - Atualizada em 22/05/2015 às 14h56min

Manobra na base aliada derrota Trad e dá presidência da CPI a Paulo Corrêa

CPI da Enersul investigará desvio de R$ 700 milhões e pagamento de mensalão

Conjuntura Online
Deputados estaduais que integram a base aliada do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) na Assembleia Legislativa elegeram nesta quarta-feira o republicano Paulo Corrêa (PR) presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que irá investigar suposto desvio de R$ 700 milhões da Enersul (Empresa Energética de Mato Grosso do Sul). 
 
Além de Paulo Corrêa, compõem a CPI os deputados Pedro Kemp (PT), Beto Pereira (PDT), Onevan de Matos (PSDB) e Marquinhos Trad (dissidente do PMDB). 
 
Dos cinco votos da comissão, Paulo Corrêa teve o apoio dos governistas Beto Pereira (PDT) e Onevan de Matos (PSDB), além do seu próprio voto. 
 
Apesar de ser autor do requerimento que criou a CPI da Enersul na Casa, Marquinhos Trad obteve, além de seu próprio voto, o apoio do deputado Pedro Kemp (PT), que é oposição ao governo de Reinaldo Azambuja. 
 
Coube ao tucano Onevan de Matos o voto de minerva que sacramentou a vitória de Paulo Corrêa, uma vez que a disputa estava empatada em 2 a 2.  
 
“Decidimos de forma justa, através de eleição, cumprindo o que determina o regimento interno da Casa. Mas a escolha de um ou outro parlamentar não prejudicará os trabalhos desta Comissão que será feito em conjunto com os 24 deputados", justificou Onevan.
 
Líder da bancada do PR na Assembleia, Paulo Corrêa Paulo Corrêa presidiu a CPI da Enersul em 2007, época em que teve como finalidade investigar os fatores determinantes da elevação tarifária de energia elétrica, praticada pela concessionária. 
 
“Conduzirei os trabalhos com muita tranqüilidade, imparcialidade e buscando ouvir todos os lados a fim de evitar qualquer julgamento prévio”, garantiu.
Foto: Roberto Higa. Paulo Corrêa é eleito presidente da CPI da Enersul
Como é prerrogativa do presidente escolher o relator da Comissão, o parlamentar escolheu o deputado estadual Beto Pereira (PDT). 
 
A Comissão se reunirá nesta quinta, às 8h, no Plenarinho da Casa, para dar início aos trabalhos. 
 
“Vamos nos reunir para juntar, analisar os documentos e definir as atividades. Essa será a primeira fase da CPI desta Casa que tem como uma de suas funções, fiscalizar os trabalhos da concessionária de energia”, explicou o relator Beto Pereira. 
 
O pedetista agradeceu a indicação de seu nome para a relatoria, e considerou como “a mais importante função” que já recebeu na Casa em seu primeiro mandato como deputado estadual.
 
No dia 18 de março Marquinhos Trad apresentou um requerimento solicitando a instauração da CPI para apurar o desvio milionário dos cofres da concessionária. 
 
Fontes garantem que a investigação não agrada inclusive a parlamentares estaduais e federais que teriam sido beneficiados com o dinheiro sujo do esquema de propina paga pela empresa durante campanhas eleitorais. 
 
AUDITORIA 
 
Pelo menos R$ 700 milhões teriam sido desviados dos cofres da Enersul, aponta resultado de uma auditoria que Marquinhos Trad (PMDB) entregou no mês passado a diretoria da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), em Brasília. 
 
No documento entregue a Aneel, além do desvio milionários de dinheiro, há a existência de uma espécie de “mensalão” a 35 pessoas, incluindo físicas e jurídicas, segundo atesta o parlamentar peemedebista. 
 
O levantamento é baseado em auditoria realizada pela empresa PwC (PricewaterhouseCoopers), a pedido da Câmara de Valores Mobiliários. 
 
“Foram firmados contratos superfaturados com empresas dos próprios donos do grupo Rede, que administrava a Enersul”, relatou. Uma das empresas era a Elucid Solutions S/A, de propriedade de Jorge Queiroz e de sua esposa, Regina Beatriz.
 
Em resposta às denúncias, o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, prometeu ao deputado “tomar as devidas medidas administrativas”. 
 
“A auditoria prova que a concessionária tem dinheiro sobrando e não pode onerar o consumidor para sustentar atos contra a moralidade e ética administrativa”, concluiu.
 
DERROTA 
 
A derrota de Marquinhos Trad dentro da Comissão, embora tenha participado de uma disputa democrática como afirma Onevan de Matos, pode dificultar ainda mais a relação entre o peemedebista e o governo. 
 
Considerado independente, Marquinhos foi uma verdadeira “pedra no sapato” durante o governo de André Puccinelli (PMDB), embora os dois líderes políticos pertençam ao mesmo partido. Após frustrações nas eleições do ano passado, o peemedebista pensa em disputar a prefeitura de Campo Grande em 2016 por outra legenda. 
 
Entre outros fatores, Marquinhos alega que setores do PMDB contribuíram para a derrota de seus dois irmãos nas eleições do ano passado: Nelsinho Trad para o governo do Estado e Fábio Trad (sem partido) à Câmara Federal. 

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