11/09/2017 às 07h21min - Atualizada em 11/09/2017 às 07h21min

Pais e bebê de colo vivem pesadelo em viagem que rendeu três processos na Justiça

Família já teve vitória em primeira instância em um dos processos, que é contra a Eucatur

Uma simples viagem ao Rio Grande do Sul se transformou em pesadelo para uma família de Campo Grande, com um bebê de colo. O passeio rendeu três processos na Justiça, contra três empresas de ônibus e um restaurante. O pai diz que 'quase perdeu o filho', vítima de intoxicação alimentar, na estrada.

O drama da família que saiu da Capital em direção à cidade gaúcha de Frederico Westphalen (RS), começou com duas horas de atraso na partida na rodoviária em Campo Grande. O pai, um servidor público de 37 anos, viajava com a esposa e o bebê, à época, com nove meses. Ele só não contava que, durante o trajeto, houvesse atraso de mais oito horas, em um ônibus da Viação Nova Integração.

Quando saiu da Capital, para passar dez dias no Sul, o pai já havia comprado os bilhetes de volta, que era da empresa Eucatur. No entanto, mesmo assim, foi impedido de embarcar na madrugada planejada, pois a Eucatur disse que as passagens não constavam no sistema.

O fato de ter as passagens corretas e ainda um bebê de nove meses não comoveu a empresa. A família teve de voltar à casa de parentes e, no dia seguinte, conseguiu tíquetes e embarcou para Campo Grande pela Viação Ouro e Prata. Mal sabiam que a parte 3 do pesadelo estava prestes a começar.

A bordo do ônibus da Ouro e Prata, que os levaria até Campo Grande, os três pararam obrigatoriamente em um restaurante em Realeza (PR). Ali, o neném consumiu um alimento que não lhe fez bem. Horas depois, a criança passou por uma crise de vômito e diarreia. Teve melhoras, mas passou mal novamente.

Ao chegar à rodoviária de Dourados, o motorista da viação teria sugerido que a família fosse até o guichê da empresa pedir assistência para o pequenino. No entanto, funcionários teriam dito que não tinham nada a ver com isso, apesar da insistência do motorista, conta o pai. O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionado e a criança levada para uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da cidade, sendo liberada horas depois.

Desamparados, os três foram ajudados por um amigo da mãe, que arrumou um carro em Rio Brilhante e os levou até Campo Grande. Aqui, o bebê foi levado a uma clínica particular, diagnosticado com uma infecção intestinal. ''O caso ia ficar grave. O médico disse que a infecção intestinal estava evoluindo para infecção generalizada. Eu ia perder o meu filho'', relembra o pai.

Justiça

A família acionou a Justiça e obteve a primeira vitória essa semana. A Eucatur foi condenada a pagar R$ 12 mil de indenização por danos materiais e morais.

A empresa alegou que os três não estavam na plataforma de embarque no horário desejado, mas não provou isso, segundo o magistrado,  ao passo que a família comprovou estar no horário correto, tanto que registrou boletim de ocorrência na delegacia local.

Agora, a família luta em outros processos, contra a Viação Ouro e Prata, a Viação Nova Integração e o restaurante Serra Dourada, em Realeza (PR), que teria vendido a comida que fez mal a criança.

Viação Nova Integração

A empresa de transportes que vendeu os bilhetes de Campo Grande até Frederico Westphalen informou no processo que o atraso não foi de responsabilidade dela, visto que as condições das estradas do país se encontram péssimas. Destacou também o tráfego intenso nas rodovias como justificativa para a impontualidade. 

Churrascaria Serra Dourada (PR)

No processo, a defesa da lanchonete e churrascaria alegou que estranha o fato dos pais terem anexado a comanda ao processo, que geralmente é devolvida à lanchonete após o pagamento da compra. Também alegou que não ficou provado que a criança ou mesmo os pais tenham comido algo no local. Disse que a família se aproveitou de uma pré-indisposição da criança para tentar enriquecer às custas da lanchonete.

Viação Ouro e Prata

A viação disse no processo que auxiliou a família no sentido de orientá-los a acionar o Samu em algum ponto de parada da empresa durante o trajeto ou então em um posto da PRF (Polícia Rodoviária Federal). No mais, disse que não tem a obrigação de custear transporte médico para os passageiros, visto que não teve responsabilidade na doença da criança.


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